Não dirás falso testemunho contra o teu próximo

Não dirás falso testemunho contra o teu próximo

Este é o nono mandamento da lei de Deus, conforme lemos em Ex. 20:16, e tem o mesmo valor dos demais. Sua transgressão torna o seu transgressor tão abominável quanto um idólatra. Mas o que pode levar uma pessoa a dar um falso testemunho do seu próximo? Vamos buscar exemplos de ocorrências registradas nas Sagradas Escrituras, a fim de bem entendermos como isso pode ocorrer. Vejamos o caso que envolveu um rei de Israel e sua mulher.

“Sucedeu, depois disto, o seguinte: Nabote, o jezreelita, possuía uma vinha ao lado do palácio que Acabe, rei de Samaria, tinha em Jezreel. Disse Acabe a Nabote: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está perto, ao lado da minha casa. Dar-te-ei por ela outra, melhor; ou, se for do teu agrado, dar-te-ei em dinheiro o que ela vale. Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu dê a herança de meus pais. Então, Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jezreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, voltou o rosto e não comeu pão. Porém, vindo Jezabel, sua mulher, ter com ele, lhe disse: Que é isso que tens assim desgostoso o teu espírito e não comes pão? Ele lhe respondeu: Porque falei a Nabote, o jezreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, dar-te-ei outra em seu lugar. Porém ele disse: Não te darei a minha vinha. Então, Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita. Então, escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o sinete dele e as enviou aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote. E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do povo. Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra. Os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que nela habitavam fizeram como Jezabel lhes ordenara, segundo estava escrito nas cartas que lhes havia mandado. Apregoaram um jejum e trouxeram Nabote para a frente do povo. Então, vieram dois homens malignos, sentaram-se defronte dele e testemunharam contra ele, contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. E o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu. Então, mandaram dizer a Jezabel: Nabote foi apedrejado e morreu.” 1 Rs. 21:1-14. RA.

Jezabel, a quem Acabe, rei de Israel, tomou para sua mulher, descendia de povo gentio. Ela era filha de Etbaal, rei de Sidon. 1 Rs. 16:31. Isso contrariava um preceito de Deus, que expressamente ordena que o seu povo não se una em matrimônio a povos estrangeiros.

A atitude de Jezabel mostra que ela era uma mulher sem escrúpulos, coisa bem característica de povo gentio. Quando ela soube da razão da tristeza de seu marido, o rei Acabe, ela não perdeu tempo, e logo arquitetou o plano diabólico. Veja o que ela disse:

“Então, Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita.” Ou seja, tu não és rei sobre Israel? Então não te entristece, deixa comigo!

E ela, apesar de descender de povo gentio, nem por isso era sem conhecimento do preceito do Senhor, aja vista que ela ordenou que dois homens malignos testemunhassem contra Nabote. Pois, um dos preceitos dados por Deus através de Moisés diz:

“Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por depoimento de uma só testemunha, não morrerá.” Dt. 17:6. RA.

“Todo aquele que matar a outrem será morto conforme o depoimento das testemunhas; mas uma só testemunha não deporá contra alguém para que morra.” Nm. 35:30 RA.

Mas os homens nobres de Jezreel, a quem Jezabel enviou as cartas com instruções para deporem contra Nabote, ignoravam ou ignoraram o preceito que determina:

“Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio, para seres testemunha maldosa. Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito. Nem com o pobre serás parcial na sua demanda. Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo ou o seu jumento, lho reconduzirás. Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudá-lo-ás a erguê-lo. Não perverterás o julgamento do teu pobre na sua causa. Da falsa acusação te afastarás; não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio.” Ex. 23:1-7 RA.

E apesar desse exemplo registrado na Escritura, ao tempo de Jesus o seu próprio povo, povo para quem ele veio, usou o mesmo expediente para matá-lo, já que não encontrou outra razão para sua morte, veja:

“E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. Pedro seguira-o de longe até ao interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários, aquentando-se ao fogo. E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam. Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes. “E, levantando-se alguns, testificavam falsamente, dizendo: Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas. Nem assim o testemunho deles era coerente. Levantando-se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti?” Mc. 14:53-60 RA.

Isso já estava previsto, e fora profetizado por Davi, veja:

“Levantam-se iníquas testemunhas e me argúem de coisas que eu não sei.” Sl. 35:11 RA.

E isso fizeram apesar das revelações dadas por Deus a Salomão, e que dizem:

“Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo, nem o enganes com os teus lábios.” Pv. 24:28 RA.

“A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa.” Pv. 19:5 RA.

“Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina: “... testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.” Pv. 6:16 e 19 RA.

E como não encontrassem razões e testemunhas cujos testemunhos fossem coerentes, usaram outro expediente para condená-lo: Alegaram que o testemunho de Jesus era blasfêmia.

Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu. Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais necessidade temos de testemunhas?” Mc. 14:61-63 RA.

Portanto, “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo!” Ex. 20:16 RA.

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