Um certo homem que sofria de profunda tristeza foi a um psicólogo, a fim de obter orientação segura para o seu sofrimento. O psicólogo, após lhe sugerir algumas coisas que achava poderia lhe conceder alegria, e diante da informação de seu paciente triste de que já havia experimentado o que lhe era proposto, lançou-lhe uma última proposição: ir a um circo que fazia muito sucesso na cidade, e no qual tinha um palhaço que era afamado por suas palhaçadas. Dizia-se que não havia quem não risse dos seus gracejos. Então o triste homem disse ao psicólogo: eu sou o tal palhaço.
Parece que na sociedade hodierna a tristeza é considerada uma coisa má. Ninguém gosta da companhia de pessoas tristes, mas preferem as alegres, extrovertidas e virtuosas.
Alguém até formulou uma teoria na qual afirma que “rir é o melhor remédio”. Diz-se também que o riso já efetuou a cura de muitos que praticaram essa “terapia alternativa”.
Há quem garanta que o riso atrai coisas boas, enquanto que a tristeza, coisas más.
Não queremos nesse breve ensaio sobre a tristeza e a alegria, formular nenhuma teoria sobre o assunto, mas nos fundamentar sobre verdades eternas sobre o tema.
Um psicólogo também prescreveu àquela que foi a minha genitora que sorrisse e não chorasse, afirmando que o choro faz mal ao coração. Informado disso, lembrei-me imediatamente da inspiração dada por Deus a Salomão, e registrada num dos seus livros: “Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração”. Ec. 7:3. Com quem está a verdade sobre a questão?
Como poderemos sorrir tendo amarguras, dissabores e infortúnios? Não nos parece razoável que alguém em sã consciência faça isso. Imaginem alguém com o coração partido, morrendo de rir!
O criador do homem sabe todas as coisas e não mente!
E não foi só uma vez que Ele inspirou um servo seu para falar e escrever sobre o tema. Centenas de anos depois, inspirou a Tiago, que escreveu: Chegai-vos para Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores, e vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, “lamentai e chorai”; torne-se o “vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza”. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará. Tg. 4:8-10.
O próprio Jesus, a quem pintam como galante sorridente, chorou sobre a capital do seu povo, e disse: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! Lc. 19:41-42. Chorou também quando soube da morte de Lázaro, um dos seus seguidores, a quem ressuscitou. Jo. 11:35.
Numa das suas bem-aventuranças, disse Ele: Bem-aventurado os que choram porque serão consolados. Lc. 6:21.
Devido o mal que está previsto sobre o povo de Deus, manda ele: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns e com “choro”, e com “pranto”. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes. Jl. 2:12 e 13, p.parte. E: chorem os sacerdotes, ministros do Senhor. V. 17.
Alguém diria: mas que Deus, que não gosta de alegria!
Não se trata disso. É que tudo tem o seu tempo. E isso ele também falou inspirando Salomão, que disse: Tudo tem a sua ocasião, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de edificar. Ec. 3:1-4.
O riso deve vir depois do choro. Os que hoje riem, invertem a ordem e são responsáveis pela desordem. Disse o mesmo sábio: Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo o dinheiro responde. Ec. 10:19.
A alegria dos homens é adquirida com dinheiro. Por isso que o pobre não tem a mesma alegria.
Se o homem tivesse consciência da miséria que pesa sobre ele, e as conseqüências que lhe advirá por isso, certamente que não estaria rindo, mas chorando. Por que rir em tempo de infortúnio? Só havendo falta de bom senso mesmo!
Mas isso não é razão para se viver chorando, pois ninguém suportaria. Por isso disse o apóstolo Paulo: Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram. Rm. 12:15. E: Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte. II Co. 7:10.
Chore! A tristeza do rosto melhora o coração. E se alegre se houver razão para isso. Mas não ria à toa, sem necessidade, para que você não passe por tolo. A alegria não é manifesta em sorriso amarelo, mas num semblante sereno, como é o do justo.