Em quantas manhãs ao ver o céu azul, o amanhecer de uma flor respingada de orvalho, a alma refaz dias, e como num antigo carrossel busca e trás diante dos nossos olhos, alegrias vividas, horas de angustia, vôos e deslizar sobre o vale que consome dias, o mapa das eras que percorremos, e que no horizonte perde-se a caminho do infinito...
A voz que nos chama, a mão que nos acena, são caixas de retratos antigos, musicas andinas, sonatas medievais, feixes de cartas, são elos de um bronze encoberto pelas sucessivas camadas verdes postas ali pelo tempo, para contrastar com o eterno azul de nossas manhãs, onde repousamos nossa alma, para reviver nossas saudades...
Quantas vezes nos deparamos com olhos que já vimos, com sorrisos que já passaram por nós, com lágrimas que comoveram nossas almas... A vida é assim, de repente numa curva da existência vemos nossos brinquedos, o toque da mão criança de um amigo, o olhar conselheiro de quem nos deu a vida, o primeiro beijo, de nosso primeiro amor... A saudade é o reencontro do homem consigo mesmo, com o tempo que viaja ao seu lado, e com os antigos dias de sua vida, que o levará um dia em direção a eternidade...