Meu lado feminino

 
Meu lado feminino
 
     Eu era ainda adolescente quando ouvi pela primeira vez o conselho para que eu fosse mais sensível e deixasse meu lado feminino falar mais alto. De início, em minha inocência juvenil, fiquei quase ofendido, porque pensei que estavam sugerindo que eu me aboiolasse. É uma daquelas situações em que a gente chama de ingenuidade algo que é ignorância pura.

     Entretanto, conforme fui amadurecendo, aprendi muita coisa a respeito do tema. Mal e porcamente entendi que existem características humanas que são mais destacadas em cada um dos gêneros. Algumas são tidas como características masculinas e outras como características femininas. É aquilo que a gente exterioriza enquanto homem ou mulher; é o que nos qualifica como tal. Só que, na prática, essas características psicológicas são só preponderantes e não exclusivas.


     Para não ficar muito extenso, vou me valer de um único exemplo: mulheres são mais sensíveis; homens são mais racionais. Alguém duvida disso? Porém, alguém poderá dizer que homens não podem ser sensíveis, ou que mulheres não podem ser racionais? É óbvio que não!


     E isso não quer dizer que os homens devam se afeminar e as mulheres se masculinizar. Só quer dizer que, se cada um – seja  homem ou mulher – se conciliar com o gênero oposto que está aboletado em seu inconsciente, todo ser humano tende a ser mais completo porque terá alinhado em si mesmo as metades contrapostas: o masculino e o feminino; o consciente e o inconsciente; e por aí vai.


     Pois bem! Agora, já na meia idade, meu lado feminino está um tanto quanto mais desenvolvido. E que ninguém diga que não sou um sujeito extremamente sensível. Ocorre que meu lado feminino nasceu de TPM! Por isso, não é raro que qualquer coisinha me pareça um pé no saco. 


     Eis aí a conciliação dos opostos. Espero que o lado racional das mulheres compreenda isso.