A vida no reino animal
Confesso que, às vezes, fico cheio de minhocas na cabeça; com macaquinhos no sótão. Não por nada em especial, mas tem dias em que qualquer coisinha me deixa com a pulga atrás da orelha.
Sabe como é, né? Fico tão ansioso que minhas mãos começam a formigar. Meu estômago ronca e grita como uma foca e fico com um apetite de leão, que até comeria um cavalo. Daí, meus pés incham e tudo parece doer ao mesmo tempo: joanete e olho-de-peixe. Quando a idade vem chegando, o tempo traz bem mais do que pés-de-galinhas nos olhos.
Mas o destino, me parece, vive colocando o carro na frente dos bois e me atrapalho todo. É uma baita cachorrada! Gostaria de esquecer tudo isso, mas minha memória é de elefante. Só agüento tanto porque tenho fôlego de gato e sou forte como um touro. Nessas horas um abraço viria a calhar, mesmo que fosse de urso. Não sou de derramar lágrimas de crocodilo, mas levo uma vida de cão. Acho que, de tanto engolir sapos vida afora, avacalhei demais nos cuidados pessoais.
Tentei freqüentar o “fitness”, mas acabei mandando minha “personal trainner” pentear macacos. Qual é? A mulher é uma víbora e pegava demais no meu pé. Vivia me dizendo cobras e lagartos toda vez que eu não agüentava os exercícios. Ela queria era se impor com todo mundo e me usava como boi-de-piranha. Eu me sentia, na verdade, um peixe fora d’água.
Mas deixei aquilo pra trás. Os cães ladram e a caravana passa. Não adianta ficar dando pérolas aos porcos. Daí que estou pensando em fazer yoga. É; yoga é o bicho! Um passarinho verde me contou. Conheço gente que faz yoga e parece estar sempre feliz como um pinto no lixo. Enquanto isso, eu estou aqui mal pra burro.
Realmente, tudo isso enche o saco. É muito chato, mesmo!