O patético e os patetas
Sabe quando a gente fica olhando fotos de outros tempos, quando ainda era-se bem jovem e, entre uma lembrança e outra, por fim acaba rindo de si mesmo em função daqueles arranjos e roupas da moda de antigamente. Pois é! No meu caso, quando vejo cenas registradas como essas, não só me impressiona a saudosa e vasta cabeleira como, ainda, as enormes costeletas, sem esquecer as camisas de colarinhos enormes e exageradamente floridas e as calças muito justas com suas indefectíveis “bocas de sino”. O que na época fazia com que a gente se sentisse o máximo, agora, nos dá aquela sensação de que parecemos patéticos. Nada mais justificável. A moda é passageira e cíclica e a evolução de todos nós é inevitável – ou, ao menos, deveria ser.
Com relação às posturas que assumimos ao longo da vida, não é diferente. Muitos foram, outrora, os embates que tive por temas que, hoje, eu deixo passar batido sem pestanejar. Há um sem número de situações que, no passado, sugeriam importâncias e urgências que, hoje, noto que na verdade nada mais eram do que contingências absolutamente patéticas. A maturidade adquirida não só insinua alguma sabedoria que nos livra desses constrangimentos como, de contrapeso, traz esse inconfessável remorso de ter assumido posturas totalmente recrimináveis – quando não, absolutamente ridículas.
Imagine qual seria minha reação se visse, atualmente, passeando entre os transeuntes, alguém com modos e modas de trinta anos atrás. Certamente, apesar de que eu, em algum momento, aderi àqueles contornos, hoje acharia isso algo deplorável. Em minhas lembranças eu continuaria patético; mas uma figura como essa descrita nada mais pareceria que um pateta.
Olho tanta realidade à minha volta onde noto contemporâneos meus que, ainda hoje, se exasperam, se contorcem, se desdobram, se comprometem com assuntos e temas menores, como outrora eu também já fiz. Quanto mais eu me sinto patético pelo passado que vivi, mais vejo patetas à minha volta no presente.