O sonho de amar acabou!

 
O sonho de amar acabou! 
 
     A mulher ideal, obviamente, não existe e, caso existisse, certamente manteria segura distância de mim. Pois que, se ideal fosse, não cederia espaço para alguém como eu. Aliás, eu jamais concebi uma parceira que se enquadrasse em algum padrão específico, mas sempre tive atração por, apenas, dois tipos de mulheres: a minha e a dos outros.

     Desta vida, nenhuma queixa poderei levar com relação às experiências afetivas. Ao contrário de tanta gente que vive por aí choramingando suas desventuras amorosas, eu posso estufar o peito e dizer sem pestanejar que já amei bastante e, da mesma forma, bastante fui amado. Entretanto, que tipos de amor foram esses?


     Amor foi paixão. Amor foi desejo. Amor foi carinho. Amor foi admiração. Amor foi ciúme. Amor foi interesse. Amor foi desgosto. Amor foi decepção. Amor foi esperança e maldição. Tudo dependeu das circunstâncias e, por certo, dos protagonistas envolvidos nos idílios que se espalharam amiúde vida afora.


     Peralá!!!


     Que papo mais chato! O negócio é o seguinte: encontrei alguém que me encanta com seu sorriso, mas que me fascina com seu contentamento. É alguém que provoca meu desejo, mas que me seduz porque me deseja. É figurinha rara que tem uma persistência tal que venceu minha teimosia. Sua crença de que é possível ser feliz passou a perna no meu ceticismo com relação a tudo.


     Aquilo que eu pensava que sabia sobre o amor foi desqualificado sem a menor solenidade. Ela simplesmente chegou e não sofreu por amor; ao contrário, insistiu em ser feliz por causa dele. Como resistir a um apelo desses? A jovem não tomou conhecimento do meu cinismo, do meu azedume, da minha presunçosa intelectualidade... nada! Simplesmente me convenceu com o argumento mais singelo que eu já ouvi em toda minha vida: “Tá bom pra mim e faz bem pra você. Por que complicar?”

 
     O sonho de amar acabou! Agora, tudo é realidade! Não mais concebo aquela quedinha por dois tipos de mulheres. Eu preciso dar conta da minha; e cada um que se vire com a que tem.