A Estória de Azhir
Era uma vez... Há muito tempo, numa terra encantada, distante, morava o mais pequenino dos seres voadores, Azhir, ele falava, em sua língua é claro, grunhidos na verdade, era uma mistura de pássaro e gente, e vivia no meio da floresta, bem próximo ao mar.
Além dele todos os da sua espécie tinham asas, mas ele era o menor, o mais astuto e ligeiro entre todos, nas longas estações tropicais, deliciavam-se com suas frutas, e não se preocupavam com inimigos, pois os outros animais viviam no chão, enquanto eles viviam em altas árvores em suas casas suspensas, longe da voracidade dos bichos da pré-história.
Do alto, viam o mar, a imensidão do mar era para eles mágica, intocável, o lugar de onde vieram os deuses sol e lua, e foi Dalí que o Deus Ráh, aquele que fez o mundo, juntou em suas mãos um punhado de água e jogou no céu, das gotas da água do mar nasceram as estrelas numa noite de verão.
Por isso quando Azhir viu aqueles longos barcos brancos ao largo da enseada, imaginou que os Deuses estavam chegando e deu o sinal...
Logo a areia branca daquele paraíso estava pontilhada de seres, esperando que os Deuses se aproximassem, mas eis que uma forte explosão surgiu do barco maior e a bola de fogo passou por cima de todos, indo explodir no meio da mata.
A curiosidade de Azhir o fez afastar-se de todos e ir ver onde caíra a bola de fogo...
Ao aproximar-se de onde era o seu povoado, vira tudo arrasado, suas casas no chão, um cheiro terrível que ele nunca sentira antes, lhe doía as narinas...
Olhou ao redor, voou bem alto e de lá viu quando todos os seus amigos eram levados amarrados para os barcos brancos... Pensou...
___Deuses não escravizam seus filhos...
E assim, durante toda a tarde, ficou ali na mata observando aqueles seres esquisitos... Pernas longas, dois braços ao invés de asas, tinham cabelo no rosto, e usavam canudos com os quais soltavam fumaça... Suas vozes soavam altas, e mesmo ali, distante os ouvia, em suas maneiras estranhas de se comunicar.
Mas uma coisa Azhir sabia, todos os seus amigos foram presos, por certo procuravam a pedra de Ráh, uma ametista gigante, relíquia de sua civilização...
Quando o luar iluminou as fantasmagóricas embarcações na enseada, uma estranha reunião se dava num canto escuro da praia entre as pedras gigantescas...
Marlins, tubarões, cachalotes, golfinhos e os mais perigosos espadartes estavam ali sob as estrelas à beira da praia, equilibrando-se sobre as águas para ouvirem o mágico dialeto de Azhir...
A meia noite, quando a lua cheia escondeu-se sobre as nuvens, as tripulações dos barcos sentiram as primeiras batidas nos cascos, e como nunca tivessem qualquer relato em todos os mares que navegaram... Julgaram ser a ira de Poseidon, o Deus do mar e fugindo da ira daquele Deus, saltaram todos ao mar, onde foram levados por sereias encantadas para Atlântida, onde foram transformados em peixes inofensivos, deixando apenas os prisioneiros que depois foram libertados por Azhir.
No dia seguinte, Azhir e seus guerreiros do mar, tomaram posse dos barcos e fizeram a sua marinha, para defender sua terra e sua gente... E todos foram felizes para sempre.
Malgaxe