06 NAVIO E NAVEGANTE - João Cláudio

SOBRE A MÚSICA "NAVIO E NAVEGANTE" TITULO DO Cd

NAVIO E NAVEGANTE

Em 2003. José Maria, morador da cidade de Juiz de fora, MG, nascido em São João da Serra MG, me desafiou a fazer uma música que evidenciasse uma junta de bois onde em um percurso um dos bois o “Navio” quase perde a vida caindo em um precipício sendo salvo pelo companheiro, o boi “Navegante” que segundo as explicações do Zé, cravou o chifre no chão segurando o peso dele e parte do carro de bois, quebrando o chifre como consequência.

O seguimento trás ainda a estreita curiosidade onde tendo o boi Navegante quebrado o chifre, foi aposentado definitivamente e tão quieto ficou a ruminar em um canto da propriedade rural onde foi dado ao descanso que uma garrincha fez um ninho no lugar do chifre quebrado.

Aceito o desafio apresento abaixo a toada, “Navio e Navegante” E por falar em toada, quem lançou esse ritmo que é brasileiro pela primeira vez foi o cantor e compositor João Pacífico, 1909/1998, E sua primeira toada foi Chico Mulato, mas a mais famosa se constituiu mesmo na conhecida “Cabocla Tereza”. E temos toadas conhecidas de outros autores como “Porta do mundo” de peão carreiro 1932/1999. Por isso entrando na linha temos aqui essa minha toada, título do Cd em questão.

NAVIO E NAVEGANTE

Navio e Navegante eram dois bois de canga,

Que cortavam o sertão por estradas de chão batido.

de trilhas e caminhos na verdade não havia,

Buracos e grotões que não tivessem percorrido.

O som do velho carro de boi se ouvia longe,

Um chiado choros que alegrava os ouvidos.

Do velho candieiro que ia fumando seu pito,

Levando lá pra vila coisas do mato escondido.

No pasto de anus e passando por matas virgens,

No recanto de onde não sai mais ninguém.

Na carona os meninos iam até fazendo festa,

Pra São João da Serra, terra de gente de bem.

Pra que é que o Carreiro andava com seu ferrão,

Se ele não era usado com os bois se dava bem.

Formavam uma junta, passos lentos sonolentos,

E naquela toada iam muito mais além.

Um dia numa curva perto de um precipício,

O carro quase tomba pra matar o boi Navio.

Só não aconteceu porque o boi navegante,

Gravou o chifre no chão foi um momento de arrepio.

Mas, segurou o carro e salvou o companheiro,

Emocionou o carreiro aquele boi teve brilho.

O preço que pagou foi ter seu chifre partido,

Também ficou ferido, só não morreu por um fio.

Ficou lá na fazenda, já não era como antes,

De seu chifre quebrado um peão fez um berrante.

E no lugar do chifre uma garrincha saltitante,

Fez ali o seu ninho na cabeça do gigante.

E pela natureza acabou suas andanças,

Não corta mais estrada naquele destino errante.

Deitado ele remoí com o capim sua saudade,

De quando eram carreados Navio e Navegante.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 25/10/2020
Reeditado em 26/10/2020
Código do texto: T7095716
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