Enclausurado
Essa minha dor
Quando é que
Vai passar?
Dor, cê vai doer
Pra lá!
Enclausurado,
Neste apartamento
No invisível do vento
Eu bem sei que o mal
Serpenteia lá fora
Da minha janela
Irmãos tão distantes
Hoje todos errantes
Já não sabem da vida
Já nem sabem da hora!
Não saia de casa!
É a voz que ecoa
Em nossos ouvidos
Muitos, tantos duvidam
Que o mal seja um perigo
Que a voz tenha sentido,
Se ela não tem clamor
O sol mostra o brilho
E toda a sua força
Sereno e passivo
Com seus raios precisos
Nessa vida incerta
Pode ser cura certa
E perene da dor
E eu que preciso
Voltar às andanças
Como vão as crianças?
Veja a luz da esperança
Que isso já vai ter fim
Lembre o meu telefone
Mostre a voz da saudade
Oito, quatro, três, cinco
Zero, meia, xxxx, meia,
Vê se liga pra mim
A fúria
Com olhos tão verdes,
De um mal que transcende
Fronteiras
Terras, mares, cidades
Que mostra indeléveis,
Feridas sem fim!
A vontade de amar
De sair, ir lá fora correndo
Me livrar dos disfarces
Pulsos firmes no embate
Com um grito insolente,
Não há mais quem aguente,
Vou pra fora, ser gente!
Que eu preciso de vida!
Essa minha dor
Quando é que
Vai passar?
Dor, cê vai doer
Pra lá!