Através de... (II)
Fábio Costa
Há quem se revela pela palavra...
Há quem se revela pela escrita...
Dois modos que se completam
Desnuda a alma e enaltece a vida.
Há quem se diz forte...
Há quem se diz inteiro...
Mas contra alma poética,
Nem a razão vence o pensamento.
Há quem diz conhecer o outro...
E até julga saber seu lugar.
Há quem espera a abertura do outro...
Tentando encontrar o seu lugar.
Através do tempo, se entende...
Que o que se é não se vende...
Seja por amor torrencial...
Seja por amor complacente.
Através de suas palavras
Ou ausências recorrentes
Descobre-se um jeito de ser no mundo
Ou mesmo, um jeito de ser da gente.
Há, então quem negue...
Que a alma é tocada por quem ama...
Eu continuo afirmando o de sempre...
Na alma só toca quem é chama.
E se o desejo de querer se esvai...
Não há quem se encante em demasia...
Somente através do que se revela...
Eu irei imaginar o que se é, ou se era...
Então através de suas palavras ou ausências...
Sentirei o seu verdadeiro eu...
E saberei se fui chama que aquecia...
Ou vento que lhe afastou dos beijos meus.