Vou me reinventar.

Juntar os cacos, me refazer.

Me dar ao luxo de ser quem eu quiser.

Não por desaforo, irresponsabilidade nem pra chamar a atenção.

Mas por querer, enfim, ser o que talvez nunca fui: eu mesmo.

Ser o melhor de mim.

Com identidade, com defeitos, sim, mas com toda a verdade e sem nenhum medo.

Olhar o mundo em pé de igualdade.

Nem maior, nem menor que ninguém. Nem igual a quem quer que seja.

Sem precisar de aplauso, atenção, audiência ou de ser notado.

Saber que estou aqui e ver que isto já faz todo sentido.

Voar tão alto, que me perca de minha sombra, de meus fantasmas, os que criei e os que me deram.

Saber que existe um chão e que talvez eu possa querer pisá-lo de vez em quando, mas sem nenhuma pretensão de ficar lá embaixo.

Ser livre, alegre, bonito, sim, porque terei deixado de acreditar nas mentiras do espelho.

Viver e ver beleza em tudo, independente de estado físico ou idade.

Acordar todos os dias sabendo que, mesmo sob tempestades, calor escaldante ou frio intenso, estarei vivo para dizer ao mundo que mudei.

Mudei hoje, mudarei todos os dias e para melhor.

Até que não haja em mim nenhuma lembrança dos cacos que fui.

Vou me reinventar.

Serei prêmio para mim mesmo, sem pensar em quem me quis, me teve ou me perdeu.

Serei inteiro, perfeito e eternamente livre.

Livre para os voos e sonhos que escolher.