O Ator

Tão nobre é ser o outro,

Porque nós estamos no outro,

Assim como as facetas mais terríveis

E as manifestações mais divinas do outro estão em nós.

Tão difícil é ser o outro,

Pois nas raízes de descobrir o que somos

Está a construção de uma identidade que não existe.

Porque somos o outro.

E a estranheza do que somos

Surge na manhã como um sol furioso e cheio de benevolência

Que abraça e revela que

O outro e nós formarmos o universo das verdades sentidas.

Ser o outro é estar íntegro com o que somos,

É dividir-se ao meio como um raio que corta a árvore,

Ao meio, divididos e despedaçados,

Reviramo-nos na fraqueza para descobrir o que nos faz nascer.

Nascidos, somos nós,

E o outro.

Pois o outro e nós,

Somos a providência que nunca nos faltou.