Ela não me tira as palavras da boca, porque honestamente eu não conseguiria pensá-las.
Com uma quase brutalidade, ela me tira as palavras da alma.
As palavras dela são o achado de tudo aquilo que se escondeu.
Ela não pede licensa no reino dessas letras esguias.
Chuta, abre de sopetão, entra sem pedir, escolhe o que quer e sai batendo a porta.
Não é arrogância não.
É só a pureza, é o puro fato de já ter virado parte das palavras.
Ela não fala mais com a língua, fala de dentro dela.
Ela não procura as palavras, estas é que se atiram por ela que de vez em quando cede.
E concede aos meus confusos pensamentos um momento de repouso, de entendimento.
E todas as palavras em que penso param, somem, fogem da cabeça.
Mas não por falta de espaço, apenas por respeito em presença das que foram aceitas.
E este imenso espaço que fica é um dos melhores prazeres da noite.
Com uma quase brutalidade ela me atira as palavras na alma.