Minha dor me toca em tal profundidade, mas não tenho uma palavra pra explicá-la. Vem a voz que quer dizê-la mas se cala, pois não vejo o que ser dito, na verdade.
E essa ausência de algum verbo em minha fala me angustia e me retira a sanidade, pois se é muda a dura dor que a mim invade não há meio de expeli-la ou de expurgá-la.
Sem a voz o meu espírito é restrito, se contorce num silêncio tão aflito e calada esta minh’alma põe-se louca.
Eu não posso me calar se eu acredito que há um vocábulo ainda por ser dito que permita que a dor saia pela boca.