Todo ano que se preza sempre tem ponto final, nós, porém, não nos lembramos que apesar de agonizante, esse velho não morreu. Empenhado no gestar de um novo ano, para o qual nos transportamos esquecidos que o caduco ainda vive. Mas, por ser ano passado -já capenga e esclerosado- esquecemos o coitado, solitário, amarrotado e entregue à própria sorte, numa dobra do espaço, requentando em agonia e aguardando o seu se dar à eternidade...
Preparamos com bebidas, e, também com muitos fogos, o devir desse esperado nascituro, remetidos à esperança, que tal qual o velho ano -nos primórdios- prometera.
Gira a roda da ilusão, repetindo -eternamente- sempre a mesma ladaínha, e, "felizes" nós ficamos na torcida, esperando as promessas se cumprirem...
Quem escuta o meu falar, tem razão para pensar que sou mais um daqueles chatos, pessimistas de plantão. Mas, não sou... Isso, eu garanto!
Com essa prosa eu pretendo -apenasmente- estar junto desse velho nos instantes derradeiros, quando o último suspiro expulsá-lo dessa vida, despachando-o rumo ao tempo; apagando-o no infinito, mas, que às vezes, nos emerge na memória com lembranças -más ou boas- colorindo nossas vidas...