Encontro (2 poemas conversam)
Encontro - Sô LXXXIV
E seria de admirar seu espanto
Seus olhos secos, sua mão parada
...E perguntasse, talvez, como?
E por minha vez não respondesse nada.
Frações de minutos rápidos
Açoitando nossas mentes como fosse eternidade
Uma de surpresa e incômodo
Outra de medo e ansiedade.
Uma palavra trêmula que assustasse
O silenciar das bocas tomadas de surpresa
Uma pergunta solta...
Uma garganta estreita.
E seria de admirar meu encanto
Se seus olhos se tornassem úmidos e as mãos geladas
Se seu rosto se tornasse brando
E num abraço tímido não perguntasse nada.
Eco LXXXIV
E seria de admirar, seus sonhos,
Seu peito apertado, sua boca calada...
E respondesse talvez tanto
Que eu de minha parte nem perguntasse nada.
Por todo sempre, um do outro, o tempo,
Enlaçando nossas almas pequenas,
Uma ausente e saudosa
Outra presente e confiante, ambas serenas.
O oscilar das vozes
Num encontro repleto, de voracidade e vida,
A paz preenchendo o peito, tomando lugar da angustia,
A atravessar os limites da despedida.
E seria de admirar seu pranto
Se minhas mãos mornas acariciassem tua pele clara,
Se meus braços te envolvessem num manto,
No abraço de amor que ao coração repara.
Gustavo Schramm