5. Admoestação: Que ninguém se ensoberbeça, mas antes se glorie na cruz do Senhor.

Considera, ó homem, a que excelência te elevou o Senhor, criando-te e formando-te segundo o corpo à imagem do seu dileto Filho e, segundo o espírito, à sua própria semelhança. Entretanto, as criaturas todas que estão debaixo do céu, a seu modo, servem e conhecem e obedecem ao seu Criador melhor que tu. Não foram tampouco os espíritos malignos que o crucificaram, mas tu em aliança com eles o crucificaste e o crucificas ainda, quando te deleitas em vícios e pecados.

De que, então, podes gloriar-te? Mesmo que fosses tão arguto e sábio a ponto de possuíres toda a ciência, saberes interpretar toda espécie de línguas e perscrutares engenhosamente as coisas celestes, nunca deverias gabar-te de tudo isso, porquanto um só demônio conhece mais as coisas da terra que todos os homens juntos, a não ser que alguém tenha recebido do Senhor um conhecimento especial da mais alta sabedoria.

Do mesmo modo, se fosses mais belo e mais rico que todos, e até operasses maravilhas e afugentasses os demônios, tudo isso seria estranho a ti nem te pertenceria nem disto te poderias desvanecer. Mas numa só coisa podemos ‘gloriar-nos: de nossas fraquezas’ (2Cor 12,5), carregando dia a dia a dia a santa cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”. (E. de S. Francisco).

Com certeza São Francisco aprendeu muito de São Paulo, pois esse apóstolo assim se expressava: “Importa que me glorie? Na verdade, não convém! Passarei, entretanto, às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem - se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe-foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir.

Desse homem eu me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das minhas fraquezas. Pois, ainda que me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a verdade. Mas abstenho-me, para que ninguém me tenha em conta de mais do que vê em mim ou ouve dizer de mim. Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade.

Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo.

Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte”. (2Cor 12,1-10).

A única glória verdadeira é a glória da Cruz do Senhor, ninguém chega à vida eterna sem passar pela cruz: "Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". (Mc 8,34). "Pois, quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo". (Lc 14,27).

"Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo". (Gl 6,14). Por isso: “Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Altíssimo e contemplar o seu santuário”.

 

Glorificado sejas meu Senhor, agora e por toda eternidade! Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando, OFMConv.

Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 24/04/2008
Reeditado em 24/04/2008
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