O Caminho do Meio
Na Idade Média tudo era explicado a partir de Deus. Um Senhor cruel, que condenava seus filhos ao fogo do inferno que perdoava somente os que pagavam tributos.
Depois vieram os renascentistas e disseram que estava tudo errado, que era o homem a medida de todas as coisas. E veio a supervalorização do ego, nossa existência, em detrimento do Espírito, nossa essência.
A inteligência não poderia aceitar um Deus tão destituído de lógica, um Deus injusto, uma religiosidade que nada confortava. No entanto, o extremismo nos fez vibrar num outro pólo, o da arrogância. O homem começou a achar que era o centro do universo, que além de sua capacidade estava o nada.
E a herança disto é o materialismo que cabe o Espiritismo aniquilar, pela explicação dos fenômenos que hoje sabemos naturais, mas que eram chamados de milagres. Pelo conforto que dá aos sofredores, pelo esclarecimento que dá sobre a justiça divina, que se opera através da lei de ação e reação.
Pois é muito comum ainda no meio Espírita cultuarmos um Deus que castiga, que tem forma humana. Herança que trazemos ainda da Idade Média.
Disse Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo que não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão em todas as épocas da humanidade. E a falta da capacidade de explicar de forma racional é que produz hoje o maior número de incrédulos.
Ora, Quando os Espíritos Superiores nos dizem, por exemplo, que Deus não permitiria isto ou aquilo, se faz necessário entender que nada acontece foras de suas leis, pois não fiscaliza Deus cada ato de cada ser pessoalmente, já que Deus não é pessoa, mas Espírito.
Por outro lado, faz necessário buscar um equilíbrio entre sentimento e razão, para que não nos achemos também auto-suficientes, mas simples instrumentos de Deus, um Senhor de Amor que nos criou para a felicidade, mas para a verdadeira felicidade.
É preciso lembrar que os Senhores da Guerra, os políticos corruptos que manipulam o poder em benefício próprio, deixando seus povos na miséria, os cientistas da razão humana, limitada ao grau de evolução que atingimos, os detentores da mídia que muitas vezes corrompem nossos jovens, também se dizem pessoas de razão.
Por isto a humildade manda que aliemos à razão, sempre indispensável, o sentimento. E o maior deles é o amor. Toda situação deve passar pelo crivo da razão, mas também do amor.
Basta para isto que lembremos que somos nós criados à imagem e semelhança de Deus. E que não façamos de Deus um ser a nossa imagem e semelhança.