A normalidade não é genial!
Pense comigo leitor. Você acha que Tom Jobim, Chico Buarque, Salvador Dali, Leonardo da Vinci, Albert Einstein, Isaac Newton, Mozart e tantos outros gênios que fizeram história, e por vezes, mudaram a história, eram normais?
Obviamente, não! A normalidade não é genial, aliás, nem pode ser. A normalidade é presumível, banalmente constante, com oscilações previsíveis e um tanto covarde.
Normal se diz para aquilo que segue à norma ou a regra comum, que serve de modelo, aquilo que é habitual ou ordinário.
A pesquisa científica é normal? A academia é normal? Bem, entraríamos aqui numa ampla discussão acadêmica que, por falta de espaço neste artigo, proponho um texto futuro.
Então, você já ouviu a música de Caetano Veloso Vaca Profana, que diz: “de perto ninguém é normal”? Sim, de perto ninguém é normal porque somos essencialmente criativos. Na maior parte de nossas vidas nos ajustamos a determinados padrões, mas, algumas vezes, emerge em nosso pensamento questionamentos e idéias que, se alimentadas, nos fariam engenhar realidades, digamos, “anormais”.
Comumente, quando as pessoas se aproximam do limite da anormalidade, de imediato, abortam o circuito daquele pensamento. É mais cômodo pensar naquilo que é regido pela aceitação social, digamos, é uma questão de conveniência.
Há 40 anos era normal os negros norte-americanos não participarem da escolha de seus governantes, assim como era normal cederem seus assentos para os brancos no transporte coletivo. A segregação racial também era tida como normal em hotéis, restaurantes e outros lugares públicos. Martin Luther King buscou sair da normalidade social. Entre inúmeros movimentos liderou a histórica passeata em Washington onde proferiu seu famoso discurso I have a dream (Eu tenho um sonho). Em 1964 Marthin Luther King foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz.
As teorias anormais sobre o movimento da Terra de Galileu Galilei foram condenadas pelo poder dominante na época. No entanto, graças a sua ousadia Galileu Galilei é considerado o pai da física.
Francisco de Assis preferiu rejeitar a normalidade da vida religiosa reservada em conventos para se entregar a ação prática da fraternidade. Essa anormalidade lhe rendeu a perpetuação na história como ícone de bondade.
Portanto, o normal é questionável e jamais será absolutamente normal. O referencial da normalidade está intrinsecamente ligado à época, a sociedade e digamos, à censura.
Por fim, deixo uma citação de Fernando Pessoa: “O amanhã pertence aos loucos de hoje”. Seria Fernando Pessoa um anormal?