O pileque de Henriquinho
Henrique Weirich era um daqueles brizolistas fanáticos. Participava de um núcleo do “grupo dos onze”, moia no cacete o “imperialismo norte-americano” e defendia com unhas de dentes as reformas de base.
Depois do golpe que derrubou o governo de João Goulart, “Henriquinho”, como era chamado pelos amigos, se recolheu como a maioria das pessoas na época. De política só falava para os mais íntimos. Afinal, o pau estava comendo pelo Brasil afora e em Foz do Iguaçu os militares tinham olheiros por toda parte. Alguns de seus companheiros haviam sido presos e outros eram controlados pelo S2. Havia o exemplo do alfaiate Antônio Machado que passou vários dias recolhido no Batalhão.
Um dia, era fim de tarde, ele estava tomando umas e outras com os amigos no Bar Ciclone, que era localizado na avenida Brasil, e lá pelas tantas ficou entusiasmado e disse que Brizola voltaria ao país pela fronteira de Foz do Iguaçu e que à frente de um grupo de milicianos iria tomar o Batalhão. Pra quê? Não deu outra. Na mesma noite foi levado à frente do comandante para se explicar. Conversa vai, conversa vem, pressão pra lá pressão pra cá e nada do Henrique dar uma explicação plausível para a conversa no bar.
Lá pelas tantas, ele olhou pro comandante, deu uma piscadela e cochichou, para que nem as paredes ouvissem.
- Cá entre nós chefe, em que sala está o Brizola? Apresente-me que eu quero conhecer o homem.