HERÓIS

Estão girando pela Internet e-mails muito interessantes sobre o programa Big Brother e a insistência de Bial em chamar os participantes de heróis. Claro que as críticas têm o mais legítimo fundamento, como o tem também a maioria das críticas sobre governantes. O que mais intriga, entretanto, é essa síndrome de as pessoas fazerem expressões orais e faciais que correspondem à surpresa e indignação. Indignação, tudo bem, surpresa não.

O Big Brother está em sua oitava edição e, de uma forma ou de outra, o discurso do apresentador não se alterou, mesmo porque, quando um time dá certo _na opinião de produtores e dos que assistem diariamente o programa_ não se muda. Se um time enche estádios e se um programa televisivo alcança altos vôos de audiência, toda a culpa está em torcedores e telespectadores.

E, por falar em times, ninguém reclamou coisa alguma quando a Seleção Brasileira ganhou copas do mundo e os jogadores de futebol, não só foram repetidamente chamados de heróis e salva-pátrias, como também quase foram canonizados. Chamar craque de futebol de herói é coisa que acontece ainda hoje, piloto de Fórmula 1, pela mesma forma. Eu mesma nunca entendi porque é assim, e se alguém tem um argumento lógico e bem construído, por favor, venha me convencer. Farei como naquela canção que diz: “Eu aceito o argumento”.

Na história de Roma tem Imperadores, na do Egito tem Faraós, mas na história do Brasil só tem heróis. Já notaram? Talvez nós brasileiros tenhamos visto muitos filmes dos Estados Unidos da América do Norte com os seus super-heróis.

A palavra herói é aqui usada com vários significados, tanto herói positivo quanto herói negativo. Aquelas criaturas choronas e carentes são uns heróis às avessas. E o apresentador do Big Brother corre risco de prejudicar a própria inteligência, pois deve ser obrigado a fazer o que lhe mandam e não o que quer ou pensa.

Faltou falar da política, esta tem uma história repleta de “heróis”. Ainda em plena pós-modernidade, espera-se um herói que salve o Brasil. Esperem à vontade. Não só a noite é uma criança, como temos a Eternidade à nossa disposição