ESTÃO RINDO DE NÓS.
Nos últimos tempos da história deste nosso País temos assistido e vivido a uma crescente alteração nos fatos que implicam em mudanças negativas no comportamento dos brasileiros, como por exemplo:
Na família devemos buscar a melhor proteção, promoção, sustentação e integração. Mas impera o desamparo, as brigas internas, vícios, desintegração do que sempre foi considerado como sustentáculo da base social.
Nas religiões, os dirigentes deveriam tratar com respeito e orientar a condução dos fieis e até dos não fiéis na busca do Sagrado. Mas deturpam os seus fins e até mesmo os seus princípios para conduzir os seus seguidores a outros caminhos que desembocam em interesses escondidos, tanto de viés comportamental quanto de resultados outros, incluindo prestígio político, lucros financeiros e até tendências sexuais inconfessáveis. Mas sagrado deixa de importar ou de existir.
Nas profissões, necessitamos urgentemente, como quase tudo neste nosso País é urgente, melhor aprendizagem e aprimoramento técnico. É urgente uma abordagem moral no ato de ensinar, aprender e fazer. Ensinar de verdade com todos os recursos materiais, humanos, didáticos, pedagógicos e/ou andragógicos, (ouvi dizer que andragogia trata de ensino de adultos), com docentes de todos os níveis, ofícios e especialidades, preparados e com vontade de ensinar. Temos uma carência enorme na formação e no aprimoramento profissional levando à formação empírica com conseqüente produção deficiente, de qualidade duvidosa sendo que cada um deveria imprimir o seu caráter naquilo que faz. Mas reina o faz de conta, o amadorismo, a “picaretagem”, a enganação, a embromação.
Na indústria, a função principal seria o desenvolvimento de produtos de qualidade para atender às demandas existentes e emergentes. No comércio a melhor distribuição de bens visando satisfação dos consumidores. Na indústria e no comércio desenvolvem-se e comercializam-se, contrabandeiam-se produtos supérfluos e aprimoram a capacidade de fabricar o que dura quase nada, passando para o comércio a venda de ilusões, enganações, e pouca durabilidade.
O Estado necessita efetuar cobrança sistemática dos tributos e possuir uma evoluída, coerente e rigorosamente priorizada forma para a sua aplicação. Tem que possuir um melhor conhecimento do cidadão, das suas competências, possibilidades, potencialidades e dificuldades. Tem que proporcionar um atendimento e dignas oportunidades de desenvolvimento para as pessoas, indiferente de situação geográfica, faixa etária, sem condicionante algum. O cidadão tem por definição, que talvez muitos tenham esquecido de definir, o direito maior, a prioridade, o direito de ser o primeiro da fila, fila que nem deveria existir. Ele não é reconhecido, quando é conhecido! no máximo é contado virando um número que pode figurar em primeiro ou em último lugar da lista ou simplesmente ser apagado dela, ou deletado, para ser mais atual. Este Estado é voraz no ato de arrecadar, pouco parcimonioso ao gastar e generoso ao distribuir e exagerado ao desperdiçar e o pior, fraco, falho, complacente e ou conivente e incompetente para recuperar o que lhe é garfado. E como é incompetente!
Na polícia, espetaculares e indispensáveis organizações, espera-se e deve ser exigida uma garantia da segurança que merecemos incondicionalmente. Mas, infelizmente, existem policias, não generalizamos nunca, que por despreparo técnico e ou moral se atrevem a impor condições para atender ao contribuinte que nem pode discriminar do não contribuinte. São “viciados” em dizer que falta recurso, que estão cumprindo ordens superiores ou agem com arrogância de ditadores quando deveriam saber e agirem como servidores que são. Mas tantos querem ser servidos e para isso utilizam meios condenáveis, aliando ou comandando os criminosos que deveriam combater. Nossa sociedade está desnorteada, teme bandidos e polícias às vezes nas mesmas proporções e até mesmo por não saber separar estes daqueles.
Na Justiça, última via de socorro dos pequenos, inventada pelos fracos para se defenderem dos demais, como a própria definição da palavra é de se esperar a existência de profissionais capazes de direito e de fato para a “execução das leis e do direito”, onde o máximo que se poderia permitir seria escassas injustiças cometidas por erros, considerados humanos, reparáveis na maioria das vezes. Deparamos com práticas inadmissíveis, mesmo impensáveis por aqueles que primam por um mínimo de princípio do que é lícito. Temos visto Juizes, os julgadores, do que é direito ou obrigação das outras criaturas humanas a invertem e revertem as coisas para benefício de outrem quando não de si próprios, promiscuindo-se com aqueles que teriam por força da legalidade e da moralidade serem os alvos das ações do poder Judiciário. A corrupção chegou ao poder judiciário, em todos os seus níveis. É quase o fim!
E na política quais os termos que poderiam ser utilizados para definir o que ocorre em nosso país, para nos mantermos nos limites de nossas fronteiras que já se sujaram por demais? Quanto aos políticos, não precisamos nos preocupar com ressalvas, pois os merecedores por si só e pelos seus atos não se misturam e nós não sabemos como selecioná-los tão disseminado o mal e dissimulados os malvados se encontram. Não acreditamos no que ocorre tamanhas habilidade, criatividade, qualidade, diversidade, ousadia, desumanidade, irresponsabilidade, ganância, caretice, podridão e tantos outros adjetivos cabíveis que nos causam decepção, tristeza, desilusão, descrédito, raiva, nojo, revolta e outros sentimentos. Já tivemos presidente, da República , do Senado e da Câmara cassados por corrupção. Estes pelo menos foram cassados. E os outros do mensalão, das ambulâncias, dos sanguessugas, e tantos outros que tornam difícil relembrar. E o “Vacalheiros”? Traduzindo: As vacas, do Exmo. Sr. Dr. Presidente do Senado da República, Renan Calheiros. Este cidadão e seus pares escarraram na cara de todas as instituições e de todos nós brasileiros.
Os educadores, em todos os seus níveis, procuram educar pelas técnicas da demonstração, da comparação, por exemplificação, entre outras. O efeito didático, (didática é a arte de ensinar), do exemplo visível e palpável, aquele que provoca a certeza absoluta, tem um poder de ENSINAR como nenhum outro. É por isso que temos que temer os efeitos didáticos dos exemplos irrefutáveis de feitos ilícitos, imorais, criminosos, cruéis e debochados que temos assistido dentro de nossos lares, pelas portas e janelas, pela mídia em suas formas várias, ao vivo e a cores. Aqueles que teriam o dever moral e funcional de pautar pela legalidade, de trilhar e impor os caminhos certos, justos e perfeitos, desviam a conduta e entortam os exemplos. Aí muitos passam a achar que vale a pena errar, cientes, que nem riscos correm mais ao partirem para o ilegal, procurando o caminho mais curto para conseguirem o que querem sem preocupação com a LEGALIDADE já que a IMPUNIDADE impera, a lei está longe por falta de aplicadores competentes, limpos e eficazes. Rui Barbosa já tinha “vergonha de ser honesto”. E nós, nem Honestos somos mais de tanto sermos vizinhos quase cegos, surdos, mudos, omissos, manietados, impotentes, inoperantes e pior de tudo, quase sem tribuna. Pela inexistência ou pela nulidade ou pelo descrédito delas ou pela nossa covardia. Ou prudência? Nem sabemos mais o certo.
E o pior: Não estão nem aí! Pensam e dizem que somos ridículos, somos pobres, limitados, retrógados, reclamamos não por decência, mas por inveja por não estarmos no lugar deles. Somos decentes sim!
O que queremos é ser corretos ou pelos menos aproximarmos da retidão. Estão rasgando a constituição e demais leis, estão cuspindo no Brasil, escarrando na nossa cara... E ainda estão rindo de nós.
Divinópolis, 23 de janeiro de 2008.
J FERREIRA