A escola e a família contra o cigarro
 

Como espaço destinado à educação, à transmissão do conhecimento científico e tecnológico, à socialização, à integração de pessoas e ao desenvolvimento do ser humano, em suas relações com o Mundo que o cerca, a escola é um espaço privilegiado na construção das perspectivas do futuro, e na qualidade de vida que desfrutamos.

Não podemos, portanto, ser lenientes com possíveis descuidos pedagógicos dessas instituições, sejam elas públicas ou privadas, porque esses descuidos podem levar gerações inteiras ao descaminho. A escola não pode ser responsável pela transmissão do conhecimento errôneo, das práticas, dos hábitos inadequados, dos exemplos negativos, pela importância que essa instituição possui na formação das gerações que fazem o presente e vão fazer o futuro da humanidade.

Não podemos aceitar, por exemplo, que professores, de escolas públicas ou privadas, fumem em sala-de-aula ou no ambiente da escola, pelo exemplo negativo que essa conduta representa. Professores, como espelhos que são, devem dar exemplo de conduta para aqueles que ainda estão começando a ver os horizontes da vida, pelos olhos da escola.

Não devemos transigir com nada, absolutamente com nada que possa representar riscos ou prejuízos para as crianças e os adolescentes. O cigarro representa uma grave ameaça à saúde, à qualidade de vida que aspiramos ter.

No mundo inteiro, cresce a consciência repressora ao tabagismo, pelos graves males que ele causa à saúde, levando muitos usuários à morte, agravando e dificultando o tratamento de outras enfermidades. Além disso, o fumo e o álcool constituem portas abertas para o uso de outras drogas, algumas letais, como temos lido nos noticiários cotidianos.

Infelizmente, em nosso País, por ser uma das maiores contribuintes de impostos, a indústria de cigarros campeia solta, sem maiores restrições à propaganda da venda desse produto, que é associado, na televisão, a uma qualidade de vida invejável, bem sucedida, com mulheres lindas, com esportes radicais, com o lazer praiano. É a mesma fórmula usada pelos anunciantes de bebidas alcoólicas, especialmente os fabricantes de cervejas.  

Em meu segundo mandato de vereador, apresentei um projeto de lei, na Câmara Municipal, motivado por apelo da amiga e pedagoga Ariadne Bacelar, proprietária de uma das mais bem conceituadas escolas de nossa cidade, a Escola Crescimento.

O projeto que apresentei foi aprovado pelo plenário e, como o poder executivo (Prefeito) deixou de sancionar, no devido prazo, foi promulgado pelo poder legislativo (Presidente da Câmara), e hoje é lei municipal.

A lei proíbe o fumo de cigarros e congêneres, em qualquer dependência das escolas de ensino do nível fundamental e médio, inclusive em suas áreas de lazer e circulação, prevendo multas para os que forem flagrados em descumprimento de sua determinação legal.

Está previsto um processo disciplinar, sumário, a imposição de multas para os transgressores, devendo, tais multas, serem aplicadas pelas escolas, e serem revertidas ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. A lei buscou atender a necessidade social de proteção às crianças e adolescentes, preservando o ambiente da escola, como um espaço didático, em todos os sentidos.

A lei pretende, com toda clareza e inegável determinação, proteger a criança e o adolescente do consumo de cigarros, a partir do ambiente da própria escola, onde, segundo denúncias fartas, muitos professores e agentes administrativos, inadvertidamente, fumam em presença de alunos, dando margem a que adolescentes também possam fumar, com a mesma liberdade e desenvoltura, naquele ambiente.

As escolas que já adotavam ou passaram a dotar essa prática, restritiva e edificante, merecem nosso respeito e ressalto, tendo em vista a importância que têm no balizamento do equilíbrio social. O cumprimento da lei é uma postura comprometida com o estado de direito, com os interesses da família, dos adolescentes e da sociedade. Família e escola devem caminhar de mãos dadas, sendo a escola um complemento continuado da família.

Os pais são os espelhos mais permanentes e fieis para seus filhos. Não podemos, portanto, dar exemplos de condutas que não queiramos que nossos filhos reproduzam. Tudo aquilo que é valor vivenciado pelos pais, dentro ou fora de casa, o será também pelos filhos, num processo de decorrência natural, pelo mecanismo da imitação.

Precisamos dar as mãos, com exemplos edificantes, instrumentando nossas crianças e adolescentes para serem adultos responsáveis, sadios, criativos e motivados, para a condução dos sonhos e das esperanças do amanhã.
 
imirante.globo.com/ivansarney
Ivan Sarney
Enviado por Ivan Sarney em 08/02/2008
Código do texto: T851659
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.