ELOHIM
Depois de navegar ao léu pelas águas da Internet onde diversas sereias entoam seus cantos atraindo navegadores iniciantes, como é o meu caso, desisti de citar algum trabalho sobre quem é ou o que significa Eloim. Seja do Oriente ou do Ocidente, há toneladas de informações sobre o significado da referida palavra.
O que ficou mais marcado nas minhas impressões sobre a viagem marítimo-virtual cujo objetivo era o de conhecer um pouco mais sobre o termo bíblico, foi a questão do singular/plural, pois a maior parte dos trabalhos afirma que Eloim não é nome próprio, mas substantivo comum e quer dizer DEUSES. De qualquer forma, através do tempo e do espaço, a palavra passou a ser entendida por muitos como sendo um dos nomes de Deus _ quando, na verdade, trata-se de um título.
Mas, por que empreendi tal jornada? É fácil responder. O interesse surgiu a partir do momento em que recebi um presente significativo, a obra Elegias a Eloim, do mestre, pesquisador e ex-governador do Estado de Sergipe, Manoel Cabral Machado.
O objetivo deste texto não é o de esboçar um estudo sobre a obra do autor de Elegias a Eloim e tantas outras já publicadas, mas o de demonstrar o encanto e o encantamento produzidos pela leitura dos intensos versos do Imortal sergipano.
Elegias a Eloim foi publicada em outubro de 2002 e só em janeiro de 2008 tomo conhecimento da existência desse texto. Quantos estão inocentes a respeito dos versos de Cabral? Quantos irão ao encontro com Eloim sem conhecê-los?
Tal pecado literário não levarei na minha lista e, por isto mesmo, escrevo esta página para apresentar a obra que contém apenas duas partes: uma, intitulada PRIMEIRA PALAVRA, onde o autor diz: “Tentei, nestas elegias, retomar, com todas as vozes, em reiterações constantes, este único drama humano _ a luta do homem para ser como Deus, numa luta pela santidade difícil e até nas quedas satanizar-se pelos pecados. Quase sempre, porém, torturado por uma única tristeza, a tristeza essencial do homem. A tristeza de Leon Bloy: a de não ser santo”. A outra parte do livro corresponde ao conjunto poético de dez elegias, das quais apresento a quarta estrofe da Elegia N. 1:
Quando estancar-me o grito do último suspiro,
Fatalmente estarei sozinho a decompor-me,
Às cinzas murchas, retornando ao pó da terra,
Devolvido à matéria de onde ufano vim.
Ò vocação final da carne altiva e falha,
Vocação infeliz da qual fugir não posso!
Se todos morrem sós, por que durar no tempo?
Por que ser solidão num mundo despojado?
Carpindo o travo da mudez das rochas surdas?
Nenhum oaristo amável resta pelo cosmo...
Retornaremos todos, Cabral, “Às cinzas murchas” e ao “pó da terra”, mas nos ameniza a tristeza de não ser santo, pelo menos, a alegria de ser poeta, irmão dos santos.