CHEGA DE SÓ “MEA CULPA”
Depois de assistir a um árbitro de futebol, com toda a onipotência característica da maioria dos árbitros, levantar um cartão amarelo e, em seguida, um vermelho, e expulsar injustamente do campo de futebol um jogador que viria a fazer tremenda falta ao seu clube, numa partida de final de campeonato, ainda sou obrigado a vê-lo, na mídia nacional, pedindo desculpas.
A mídia que cobria o até então espetáculo futebolístico, havia acabado de elogiar, minutos antes, em outra jogada, o jogador expulso, por ter ele se recusado a cair , mesmo sabendo que, na situação apresentada, se caísse na área, o juiz teria dado um pênalti: punia, o desvairado árbitro, diante de milhares de pessoas, o gesto verdadeiro, a atitude esperada, a postura séria e profissional.
Na sua ação, tomada de forma pressuposta, precipitada, preconceituosa e onipotente, em nenhum momento aquele homem se permitiu imaginar que o jogador pudesse não estar fingindo. Ele não ouviu as desculpas desesperadas do jogador injustamente expulso: no seu julgamento, em momento algum, dignou-se a pensar que o atleta punido era humano e que poderia ter caído por ter sido violentamente chutado
Com sua atitude ditatorial, renegou leis e normas que exigem sempre cautela e bom senso na tomada de decisões: criou em mim um pesadelo vertiginoso que só se acalmaria caso eu pudesse, naquele momento de impotência diante de um vídeo de TV, expressar de alguma forma meu protesto enérgico ante uma decisão absurda, sem sentido.
Passei o restante da tarde com um gosto amargo na boca, de injustiça, de desengano, de tédio, de impotência, de vítima da fatalidade, de inconformismo: aquele homem com seu maldito apito acabava de estragar, irremediavelmente, meu domingo esportivo.
E aí, então , ele aparece, no dia seguinte, dezenas de vezes, na mídia, pedindo desculpas, cabisbaixo, dizendo-se humano, falível, ou seja, defendendo-se, atribuindo-se limites humanos , dos quais em nenhum momento lembrou-se ao punir, sem pestanejar, o jogador do Internacional.
É preciso acabar com esse negócio de dizer que juiz não erra, engana-se , e que, portanto, não pode ser punido: errar é humano.
E o jogador , não é humano ? Por que a falha de conduta do jogador é erro rigorosamente punido, e a do juiz é sempre engano, fruto da falibilidade humana ?
São dois pesos e duas medidas.
O juiz de futebol, responsável pelo escândalo do apito no campeonato brasileiro, também já cansou de chorar e pedir desculpas e utilizar-se dos mesmos argumentos do árbitro de Corinthians e Internacional e já foi até a um programa de TV, no qual foi dado a ele, pasmem, o direito de tirar ou não o chapéu para outras pessoas: permitiram a ele, apesar de tudo, continuar julgando.
Que mundo é esse em que é só alguém pedir desculpas para se transformar em um sujeito bacana por reconhecer seu erro, sendo que ele teria que, ao contrário, ser punido pelo erro, tendo em vista que prejudicou milhões de pessoas. É preciso punir infrações e crimes cometidos para não cairmos no erro de ensinarmos nossas crianças e nossa juventude que todos podemos errar sempre: é só nos mostrarmos arrependidos e pedirmos desculpas depois.
Existe uma comunidade no Orkut , “Eu amo Suzane Richthofen”, onde lemos : “Suzane, os homens podem até te condenar, mas o mais importante você já conseguiu, O PERDÃO DE DEUS ! “ (sic).
É lamentável tamanha impunidade. Estamos criando uma geração de Suzanas e irmãos Cravinhos.