EMBRIAGUEZ.
A embriaguez é uma tragédia disfarçada de comédia, uma dor que se esconde atrás do riso forçado. Nada revela mais o ridículo de uma pessoa do que a sua embriaguez descontrolada. Ela transforma a mais sensata das criaturas em um personagem de comédia.
A percepção do ridículo em relação à embriaguez descontrolada tem raízes culturais e sociais que refletem expectativas e julgamentos sobre o comportamento humano. Historicamente, a sociedade tem tido padrão único para homens e mulheres no que diz respeito ao consumo de álcool e à embriaguez.
Quando uma mulher está embriagada, especialmente em público, ela pode ser vista como ridícula ou objeto de escárnio por aqueles que consideram tal comportamento uma violação das normas sociais de decoro e moderação esperadas das mulheres. Esse julgamento é muitas vezes exacerbado por estereótipos de gênero que idealizam a mulher como figura de controle, dignidade e recato.
A embriaguez que envergonha a família é um peso que o amor dificilmente suporta. Quando um homem se entrega à embriaguez, não é apenas ele que se degrada, mas toda sua família sofre as consequências; o ridículo não afeta apenas o bêbado, mas lança uma sombra de vergonha sobre sua família.
É importante questionar e desafiar esses padrões duplos. A embriaguez, seja em homens ou mulheres, leva a comportamentos risíveis ou embaraçosos; o peso do ridículo e do julgamento não deve ser desigual. A igualdade de gênero inclui a igualdade no direito ao erro e à imperfeição sem ser desproporcionalmente ridicularizado.
O riso que vem da embriaguez é sempre um riso amargo, cheio de vergonha, pois o álcool é o artista que pinta o quadro do ridículo em cores vivas e borradas.
"O vinho é zombador e a bebida fermentada provoca brigas; não é sábio deixar-se dominar por eles." Embriagado, o sábio se torna bobo e o bobo, um espetáculo cômico.
Manoel Lobo