A MISÉRIA QUE DÁ IBOPE

Há tempos venho observando algo que me incomoda, mas confesso que embora já tenha tido muita vontade de me manifestar, relutei em fazê-lo.

Mas hoje foi impossível aqui não me posicionar.

E em tempos de Ano Novo, gostaria até de vendar os olhos para não enxergar certas coisas...tão velhas!

É bem possível que quem por ora me lê, tenha acabado de assitir à reportagem televisiva dum programa global matutino, em que o foco de hoje foram os vendedores ambulantes dos faróis de São Paulo.

A matéria não é nenhuma novidade.

Basta ser brasileiro ou apenas morar nas grandes cidades, que a tal problemática social explode todos os dias sob nossos olhos nos levando a vários questionamentos.

Eu mesma, já deixei um texto aqui sob o título " EMPRESA SEMÁFORO", no qual tento registrar meu olhar sobre essa lamentável questão social.

Mas o que trago aqui é um questionamento, um ensaio íntimo sobre os bastidores de certas matérias.

O jornalismo tem por função primordial informar, O QUE REALMENTE É LOUVÁVEL.

E óbviamente questionar, investigar, denunciar, formar opiniões.

Mas o triste mesmo, é quando se percebe que nos bastidores da notícia, usa-se do sensasionalismo emotivo, aquele que toma a emoção como refém com a finalidade de aumentar a audiência e de passar a imagem pública de bons samaritanos.

Mas não vejo ninguém operar soluções...

Temos um grave problema social.É fato. E uma injusta distribuição da renda.É outro fato. E desemprego pelas grandes cidades na casa do chapéu!Também é verdade.Mas eu pergunto: Quando custa a hora trabalho de alguém que ganha um salário mínimo? Não sei, mas é só fazer as contas...e deve ser de desanimar.

E quantas horas de trabalho um trabalhador "do mínimo" gasta para ir e voltar ao trabalho...que também é trabalho... não remunerado?

Quanto custa a hora de trabalho de alguém que tem uma habilitação tecnicista, com ou sem universidade, E QUE DEVOLVE-SE EM BENEFÍCIO PARA A SOCIEDADE?

Qual a participação financeira per capta no PIB de um TRABALHADOR que PRODUZ?

E é aí que quero chegar: Produção.Todo trabalho implica em produção e na valorização daquele "valor agregado" na formação do profissional, e do devido retorno à sociedade que dele precisa.

Quanto custa a hora trabalho de um professor? E quantas horas de trabalho são necessárias para que tenha uma vida mais digna?

Então só mais uma perguntinha:

Hoje, na inversão total de valores do mundo moderno, quanto custa a hora trabalho de quem só mostra tragédias e muito pouco faz para resolvê-las?

Quanto custa a hora trabalho de quem faz um gol, de quem melhor pilota uma ferrari nas piores cuvas, de quem tem um rosto bonito, de quem mostra o Bum bum nas revistas, de quem senta num plenário para dar boas risadas, ou de quem fala a linguagem dos papagaios?

E quantas horas esses cidadãos trabalham por...mês?

Também não fiz as contas, mas deve ser de indignar...

Acho que cheguei aonde pretendia.Há algo de muito errado nesse mundo!

É preciso que a sociedade entenda que o que foi hoje mostrado é culpa de todos nós.Inclusive de quem PUBLICAMENTE se indigna e ainda ganha no IBOPE!

E não existe milagre econômico.O bolo é um só.

É preciso que se girte:

Minha gente o rei está pelado! Aonde tem gente ganhando muito sem necessidade e sem NENHUM RETORNO SOCIAL...tem gente cada vez mais necessitando do mínimo.

E não precisa ser global para se pensar no assunto. Acordemos!

E ainda tem gente que bate palmas...