O Paciente Curado ( parte III )
Caso 2
Este segundo caso, tratava-se dum moço que sofria de timidez, falta de produtividade profissional, insatisfação e pouca virilidade.
Desde o início das sessões ele se mostrou sempre gentil, amável e pouco afetivo em relação à mim.
Depois de certo tempo, tomou coragem e confessou que sentia certa hostilidade contra mim, julgando que eu não queria ajudá-lo em seus conflitos.
Esta hostilidade manteve-se durante muito tempo incompreensível, até o dia em
que o paciente se lembrou do seguinte:
Seu pai nunca lhe dera o afeto e o interesse desejado;
Sua mãe falava pouco e não respondia a suas perguntas conforme seus desejos.
O menino chorava muito, era hipersensível e a mãe dizia:
" Quando você for grande, darei um remédio contra os choros" , ou;
" Quando você for grande, saberá aquilo que agora está perguntando".
O menino guardou bem essas palavras da mãe, sempre esperando a realização das promessas, nunca cumpridas;
Assim, sentiu-se enganado e traído pela mãe, não a perdoando por isso.
Importava a mim, neste caso, notar que o paciente era o caçula da família:
Antes do seu nascimento, sua mãe tivera duas meninas que faleceram, acontecimentos com os quais a mãe tinha sofrido muito, levando-a a desejar que o paciente fosse menina para substituir aquelas falecidas.
Assim, decepcionada em sua esperança, ela vestiu o menino por vários anos como menina, e o filho sentiu claramente que a mãe o teria amado mais se tivesse nascido menina.
A mãe restringiu, mais tarde, o desenvolvimento do menino, castigando-o severamente por qualquer atividade masculina.
Se ele brigava com os amigos, ela o castigava.
Assim, ele viu na mãe a pessoa que impedia a expansão de sua masculinidade; por medo
dela e para agradá-la, tornou-se um menino meigo, manso e pouco viril.
Intimamente culpava a mãe e transferiu para mim ( o analista ) toda a hostilidade e rancor que tinha contra a mãe mas que havia recalcado por medo das consequencias.