Paciente Liberto
Compreende-se como é difícil e profunda a tarefa da análise.
Libertar os pacientes de impulsos violentos e recalcados.
É claro que tal análise não pode ser feita em poucos meses.
Quem se defendeu inconscientemente durante 15 ou 20 anos contra seus impulsos, não se tornará, tão rapidamente, capaz de enfrentá-los conscientemente.
É preciso fazer o paciente experimentar afetivamente sua angústia e medo, para poder mostrar-lhe, depois, contra o que se defendia tanto.
Também se vê porque o analista não deve pôr em jogo seus próprios conceitos morais:
não é tarefa sua moldar a alma do paciente conforme seus ideais.
É preciso estudar quais são os ideais de cada paciente e porque êle não pode realizá-íos; é
preciso estudar os dinamismos de sua alma e ajudá-lo a não ter medo de si
mesmo.
O paciente amiúde não é capaz de se responsabilizar pelos seus impulsos.
O analista assume, nestes momentos, tôda a responsabilidade por ele.
Só a completa compreensão e neutralidade do analista fazem o paciente recuperar a auto-confiança e a coragem para ser aquilo que realmente pode ser.
Freud disse em uma
ocasião:
" Todo aquele que quer ser mais nobre do que sua constituição lhe permite, cai numa neurose".
Todos meus casos confirmaram esta frase.
Portanto, devemos reduzir os auto-ideais artificialmente exagerados dos pacientes para um nível mais razoável e realizável.
Esta redução do ideal é um processo contra
o qual o doente luta, às vezes, desesperadamente.
Mormente, quando se imagina que
a psicanálise lhe dará uma perfeição total, não se disporá facilmente o abandono de certos ideais.