Introjeção X Projeção
A neurose é, pois, o resultado da fuga, ou melhor, da defesa do indivíduo contra os
perigos da vida impulsiva, e esta defesa começa na infância.
O processo de introjeção e projeção que a criança sofre, é fixada, de um lado, às imagens internas e, de outro, às figuras reais dos
pais.
Sentindo-se perseguida pelas imagens aterrorizantes, a criança agarra-se aos
pais.
Quem duvida da existência de tais temores na criança, deve lembrar-se dos pesadelos, pavores noturnos e choradeiras sem motivo real.
Na procura de amparo, a criança agarra-se cada vez mais aos pais, continuando, desta forma, numa dependência exagerada da família e, mais tarde, de qualquer ambiente.
Os pacientes neuróticos, como vimos, são infantis e dependentes: transferem a todos
e também ao psicanalista a imagem dos seus objetos arcaicos infantis e reagem como assim o fizeram na infância.
O analista deve sempre lembrar-se de que a transferência é um processo complicado:
Como deve o analista usar o mecanismo da
transferência?
A única regra que ele impõe ao paciente é aquela da associação livre:
O paciente deve dizer tudo que lhe passa pela mente, seja o que fôr.
O analista não faz perguntas em forma de questionário.
Naturalmente, é bastante difícil cumprir esta regra da associação livre e ninguém é capaz de pôr de lado tôdas as restrições e conveniências que impedem, na vida diária, de ser franco e sincero.
A vida social obriga a uma certa hipocrisia, pois o quão seríamos insuportáveis se disséssemos a todos aquilo que pensamos intimamente?.
Mas o psicanalista não pode abandonar a técnica da associação livre, porque são justamente as resistências contra tal sinceridade que lhes fornecem o material indispensável para o estudo e compreensão da neurose.