O voto

A vida do ser humano se torna mais rica com a marca do voto. Mas o que seria o voto? Julgo que a melhor definição para tal, seria: o voto é uma expressão de amor. Só quem amou muito deveria emitir votos. O voto deveria ser uma conseqüência de um amor ardente, maduro e sensato.

O que acontece é que muitas vezes para se fazer um voto não se tem em mente a gratuidade que é filha do amor, e sim logo pensamos em ganhar. Até pelo voto caímos no pensamento de troca. Quantos não fazem voto de castidade para serem castos? Ou melhor diria: se dirigem para o voto na intenção de a partir do compromisso alcançarem o prometido. Este seria o caminho mais árduo e mais imperfeito, que quase sempre leva a frustração.

O voto deve ser um ato de generosidade, que brota de um coração despojado. Seria um castigo dizer para um homem e uma mulher: casem-se para se amarem. Melhor seria: amem-se para se casarem. Se o voto condiciona o amor tudo pode vir a perder-se. Pois a exigência do compromisso pode entrar em conflito com a insuficiência do amor. E quanto menos se ama, mais o compromisso parece ser exigente, aponto de nos sufocar e nos causar um desejo indominável de deixar tudo.

O voto não seria nem uma carta assinada, nem o envelope que contem a carta, mas sim o lacre que fecha o envelope da carta. E muitas vezes depois de escrever-mos a carta, lê-la, assina-la, coloca-la no envelope e lacra-la, sentimos um estranho desejo de abri-la, dar-mos mais uma conferida antes de envia-la. Queremos retirar algo que achamos que não esta bom, ou então, queremos colocar algo que pensamos estar faltando. Ora este gesto é no mínimo imaturo. É melhor lê e relê a carta quantas vezes for preciso, do que após lacrar querer remover para alterar algo.

Deve-se acreditar no que foi escrito e acreditar que esta cara carta agradara o destinatário. Confiar em si mesmo, que por sinal é o autor do conteúdo. E após envia-la devesse conformar que na carta esta escrito o que foi preciso e o que foi possível se fazer com suas forças. O que importa é dar o melhor de sí, mesmo que esse melhor possa ser superado por outros, ele não deixou de ser o seu melhor.

O voto não foi feito para oprimir e sim para plenificar o que se viveu até o momento. O voto não é o começo do caminho e nem o fim e muito menos a estrada, mas apenas sinais marcados de que alguém por ali passou e sabe onde quer chegar.

O voto não é um compromisso que devemos amar, mas é um amor que se compromete. O voto é como uma semente que deve ser lançada numa terra fértil e preparada. Sendo assim não é a semente que prepara a terra, mas é a terra preparada que pode receber a semente para dar muitos frutos.

Albino
Enviado por Albino em 24/12/2007
Código do texto: T790104