POESIA PARA O SÉCULO XXI
José Arrabal lança uma pergunta séria e ainda sem respostas satisfatórias: “Qual será a Poesia possível para o século XXI, época flagrantemente sinalizada pelo desenvolvimento tecnológico, por profundas diferenças sociais e pelo pesadelo da violência cotidiana?”
Arrabal refere-se ao poeta Jorge Luís Borges, para quem a poesia da modernidade, equivaleria a um retorno à poesia épica que narrasse histórias do Homem do século XXI. Uma pergunta pula à nossa frente: Que histórias épicas contaria o Homem da modernidade?
Lúcio Agra, doutor em Comunicação e Semiótica (PUC-SP),professor de Teoria da Comunicação na FAAP e autor de Selva Bamba(poemas, 1994), em seu trabalho sobre o tema E-poetry 2001: a poesia do século XXI, esclarece que:
“Mais uma vez a poesia contemporânea confirma a afirmação de Ezra Pound:está mais próxima das artes e da música que da literatura. Pelo menos esta foi uma das constatações mais evidentes que se poderia fazer ao acompanhar o E-poetry 2001 Festival, promovido pela Universidade Sunny at Buffalo e pela Associação Just Buffalo, no Estado americano de Nova York, no mês de abril deste ano”.
Roseli Gimenes, coordenadora geral do curso de Letras da UNIP e professora de Literatura Brasileira, mestre e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, em linguagem metafórica, ensaia uma conceituação para a poesia do século XXI, a
“Poesia plúvia. Necessário o neologismo para a referência poética deste século XXI. Águas de março. Melhor seria dizer (e como fazê-lo sem melodrama? ) que a poesia plange, chove, chora diante de si mesma”.
Fábio Lucas, escritor, crítico, membro da Academia Paulista de Letras, distingue os poetas em dois grupos, o primeiro, do apuro técnico e, o segundo, do respeito pela tradição. Cita os nomes de Marco Lucchesi, Ivan Junqueira, Armando Freitas Filho, Luiz F. Papi, Lêdo Ivo, Ferreira Gullar, Affonso Rommanno de Sant’Annna, Marina Colasanti, Foed Castro Chamma, Hilda Hilst, Renata Pallottini, Dora Ferreira da Silva, Mário Chamie, Lenilde Freitas, Marcos Accioly, César Leal, Majela Colares, Virgílio Maia, Francisco Carvalho, Jorge Tufic, Nauro Machado, Arlete Nogueira da Cruz, José Chagas, João de Deus Paes Loureiro, Ruy Espinheira Filho, Ildásio Tavares, Miriam Fraga, Sérgio Castro Pinto, Marcos de Farias Costa, Carlos Nejar, Dois Santos dos Santos, Leonor Scliar-Cabral, Alcides Buss, Manuel de Barros, Raquel Naveira, Aricy Curvello, Yeda Prates Bernis, Adélia Prado, Edimilson de Almeida Pereira, Alberto da Costa e Silva, Stella Leonardos e Roberto Piva.
O crítico inclui que “Ficam de fora centenas, senão milhares de poetas, lúcidos alguns, muitos ingênuos, distantes todos de qualquer classificação tendencial. Em suma, o panorama da poesia brasileira contemporânea assemelha-se a uma imensa constelação de estrelas solitárias, cada qual com o seu brilho e a sua trajetória”.
Quando entrevistado pela revista Época, sobre o que é para ele a poesia, o poeta Carpinejar respondeu ser a subversão de lugares-comuns, a inversão da ordem, permitindo as coisas e objetos falarem. A respeito de sua análise da poesia brasileira contemporânea, o entrevistado acrescentou:
“A poesia brasileira contemporânea vive uma ebulição. E não é otimismo de feirante. O que falta é confiança, auto-estima”, e mais:”A literatura que está sendo feita no Brasil tem vigor, garra, cheiro de rua e superou a metalinguagem”.
A palavra do poeta Ferreira Goulart traduz a poesia nascendo do espanto _ convém frisar que não falta motivo para espanto nos nossos dias _ e algo que o comove e coloca frente a impasses.
Vale refletir sobre a pergunta apresentada no início deste texto e, como poetas, buscarmos entender como é a poesia hoje; se somos inspirados; se há algo de contornos épicos a ser cantado em versos para atender à colocação do grandioso Borges;se os estudiosos brasileiros estão percebendo e examinando a realidade da e-poetry;se a poesia que brota neste momento é "plúvia" e "plange, chove, chora diante de si mesma"; se somos lúcidos ou ingênuos; se estamos no nosso canto com o nosso brilho solitário;se vivemos em ebulição ou se
nos colocamos na posição de feirantes otimistas da poesia; se estamos confiantes, cheios de vigor e garra, plenos do cheiro de rua e superando a metalinguagem. Enfim, se como Ferreira Goulart ainda nos espantamos e comovemos perante os impasses. Ou se somos frios, calculistas, capitalistas e temos o cinismo de olhar na face da Poesia pensando em obter lucro. Tenhamos certeza de que, se assim o for, a Poesia fugirá para bem longe e ficaremos sem resposta.
FONTES ELETRÔNICAS
http://www.revista.criterio.nom.br/artigoarrabal.htmhttp://www.revista.criterio.nom.br/artigoarrabal.htm
http://epc.buffalo.edu/e-poetry/archive/cap13.pdf :
http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=345
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT711556-1655,00.html
http://www.culturapara.art.br/opoema/ferreiragullar/ferreiragullar_ent.htm
(Entrevista publicada na Revista Cult nº 60
da Editora 17 - www.revistacult.com.br )
*http://www.weblivros.com.br/entrevista/heitorferraz.shtmlWL: HF: WL: HFWL:
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=158&rv=Literatura