A INCRÍVEL HISTÓRIA DO HOMEM QUE NÃO DESISTIU DOS SEUS SONHOS
Como novato na política, Dr. Marcos Vinícius (MDB) conseguiu uma façanha histórica: ser o vereador mais bem votado da história de Goianésia, em 2016, com 2.536 votos.
Como médico conseguiu também uma façanha histórica: montou a Clínica Popular São Marcos há dois anos e atendeu mais de 10 mil pessoas no período, sendo mais de 2 mil totalmente de graça. As outras pagaram preço bem abaixo do valor de mercado.
Em entrevista exclusiva ao Portal Goiás Total, ele revelou que esses não foram os maiores feitos da sua vida. “Minha maior façanha foi ser o primeiro tetraplégico a ser formar em Medicina no Brasil”, conta.
Dr. Marcos Vinícius informa que os médicos nessa condição que atuam no País se tornaram tetraplégicos após a formação, já como médicos.
A VIDA ANTES DO ACIDENTE
Até o dia 6 de julho de 2008, Marcos Vinícius Nunes da Silva era um jovem de 23 anos, com uma rotina de atleta. “Era amante de futsal, handebol e academia. Nunca bebi, nem fumei, nem usei drogas”, revela.
“Morava em Porto Velho, capital de Rondônia. Estava no quarto ano do curso de Medicina”, lembra. Além de estudar com afinco, ele conta que trabalhava muito. Vendia equipamentos de informática, principalmente notebooks.
O ACIDENTE
Foi voltando de uma entrega de trabalho que sua vida mudou para sempre. “Um motociclista cruzou meu caminho de repente. Para não atropelá-lo, desviei o carro e acabei capotando”, recorda.
Fraturou quatro vértebras do pescoço no acidente. Uma ex-namorada, que estava no carro, nada sofreu de grave. “Na hora, senti que estava tetraplégico”, relata.
DE FUTURO MÉDICO A PACIENTE DE HOSPITAL
“Larguei de ser estudante de medicina para me transformar em paciente. É um baque na hora”, admite Dr. Marcos Vinícius.
A hora que caiu a ficha foi quando o médico lhe disse que não iria andar nunca mais. “Fechei os olhos, fui para um lugar escuro e tive uma experiência forte com Deus”, confidencia.
Acabou transferido da Região Norte do País para Goiânia, via UTI aérea, uma regalia que o seguro do veículo cobriu. “Se fosse particular ficaria R$ 120 mil à vista, um dinheiro que meus pais não tinham condições de bancar”, observa.
Na capital de Goiás, fez a primeira cirurgia. Suas vértebras haviam sido implodidas no impacto do acidente. O caso era muito delicado. Ficou 14 dias na UTI, se recuperando para fazer nova cirurgia.
NÃO DESISTIU DO SONHO DE SER MÉDICO
“Eu só pensava em duas coisas: na minha família e em voltar para a faculdade e terminar o curso de Medicina. Concluiria nem que tivesse que escrever com a boca em vez das mãos”, relata. “Quando minha mãe entrou na UTI, perguntei se ela iria para a sala de aula comigo, para fazer minhas anotações, se fosse preciso. Ela disse que sim, que estava comigo”.
Não foi preciso esse sacrifício, mas ali Marcos Vinícius viu que podia contar com sua família para tudo e que não iria abrir mão do sonho de ser médico.
Ficou 11 meses no Hospital Sara Kubistchek, em Brasília, trabalhando a recuperação motora. Comprou caderno de caligrafia, para reaprender a escrever. “Amarrava a caneta dos dedos e ia treinando até machucar a mão”, conta.
VENCEU A DEFICIÊNCIA
“A primeira vez que me vi no espelho, sentando na cadeira de banho, me assustei”, lembra. “De atleta para cadeirante é uma mudança muito grande. Mas não olhei para trás e fui em frente, atrás dos meus sonhos”.
“Não consegui me especializar em cirurgia vascular, que era a meta inicial. Mas fiz clínica médica, que é algo que amo e que me proporcionou cuidar das pessoas. Isso me deixa muito feliz”, conta o profissional, que adotou como lema fazer medicina com amor.
Para quem olha e acha que sua maior vitória até agora foi nas urnas, sendo o mais votado da história de Goianésia para a Câmara, se engana. “Minha maior vitória foi ter me levantado do chão, todo quebrado e me erguido para conquistar o meu sonho de ser médico e ajudar as pessoas. Todos achavam que era impossível. Mas venci o impossível e hoje ninguém mais duvida da minha força de vontade”, finaliza.
* Matéria publicada em abril de 2018 no portal Goiás Total.