A escola conservadora
Em “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”, de 1966, o sociólogo francês Pierre Bourdieu analisa a escola contemporânea, concluindo que as instituições de ensino são, de fato, instituições conservadoras, que produzem e reproduzem os valores e a cultura específicas da classe dominante, favorecendo, desta forma, àqueles que já possuem, fora da escola, a cultura dominante, ou seja, favorece a própria classe dominante.
E é através da avaliação escolar que esta escola aprovará os já ajustados aos seus conhecimentos exigidos, e que, ao mesmo tempo, excluirá aqueles que já não o possuíam e que não têm meios sociais de fazê-lo. Assim, a escola está reservada a manter as desigualdades sociais ao invés de ser um meio de superação, excluindo os já excluídos e favorecendo os já favorecidos. A estes que já nascem e vivem no meio cultural de classe que é a cultura que a escola acolhe para seu sistema de produção e exigência de aprendizado, a estes Bourdieu conceitua de Os Herdeiros. Eles são os herdeiros porque é na escola que a educação que eles já possuem na família e em seu convívio social se torna legitimada, documentada e recompensada, orientando-os para a manutenção deste saber elitizado em posições elitizadas, portanto, conservando sempre as suas posições de classe, e impedindo, simultaneamente, o acesso às demais classes, não detentoras e não usufruidoras desta cultura própria da classe dominante de conquistar este saber. Para as demais classes o saber escolar lhes é estranho, alienante, e, sem essa familiaridade concreta, só a muito custo é possível assimilar este saber alheio a sua realidade.
Outro ponto a ser esclarecido é o que Bourdieu conceitua de Violência Simbólica. A violência simbólica é uma forma de violência não percebida nem pelo agressor nem pelo agredido, e ambos a tomam como um fato externo, natural, sem relação com qualquer sistema, e, por fim, evidente e inquestionável, e por isso permanece. No caso da escola, a violência simbólica está em valorizar e exigir uma cultura arbitrária e específica e torná-la universal, ferindo as demais culturas correspondentes às demais classes, e excluindo-as do saber a ser desejado, aprovado e legitimado. Com isso, na prática, o aluno com êxito e o aluno frustrado, por causa da violência simbólica não percebida, atribuem a si mesmos o sucesso e o fracasso escolar, não conseguindo identificar as verdadeiras relações que permeiam os sistemas de ensino.
No entanto, Bourdieu acredita que a transformação social é possível enquanto for uma ação coletiva reflexiva e conhecedora rigorosa das estruturas que sistematizam o campo escolar. Esta ação transformadora tende a ser uma árdua luta a ser travada contra os agentes conservadores que se utilizarão possivelmente de todo o seu capital simbólico para manter a ordem que os favorece.
Em “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”, de 1966, o sociólogo francês Pierre Bourdieu analisa a escola contemporânea, concluindo que as instituições de ensino são, de fato, instituições conservadoras, que produzem e reproduzem os valores e a cultura específicas da classe dominante, favorecendo, desta forma, àqueles que já possuem, fora da escola, a cultura dominante, ou seja, favorece a própria classe dominante.
E é através da avaliação escolar que esta escola aprovará os já ajustados aos seus conhecimentos exigidos, e que, ao mesmo tempo, excluirá aqueles que já não o possuíam e que não têm meios sociais de fazê-lo. Assim, a escola está reservada a manter as desigualdades sociais ao invés de ser um meio de superação, excluindo os já excluídos e favorecendo os já favorecidos. A estes que já nascem e vivem no meio cultural de classe que é a cultura que a escola acolhe para seu sistema de produção e exigência de aprendizado, a estes Bourdieu conceitua de Os Herdeiros. Eles são os herdeiros porque é na escola que a educação que eles já possuem na família e em seu convívio social se torna legitimada, documentada e recompensada, orientando-os para a manutenção deste saber elitizado em posições elitizadas, portanto, conservando sempre as suas posições de classe, e impedindo, simultaneamente, o acesso às demais classes, não detentoras e não usufruidoras desta cultura própria da classe dominante de conquistar este saber. Para as demais classes o saber escolar lhes é estranho, alienante, e, sem essa familiaridade concreta, só a muito custo é possível assimilar este saber alheio a sua realidade.
Outro ponto a ser esclarecido é o que Bourdieu conceitua de Violência Simbólica. A violência simbólica é uma forma de violência não percebida nem pelo agressor nem pelo agredido, e ambos a tomam como um fato externo, natural, sem relação com qualquer sistema, e, por fim, evidente e inquestionável, e por isso permanece. No caso da escola, a violência simbólica está em valorizar e exigir uma cultura arbitrária e específica e torná-la universal, ferindo as demais culturas correspondentes às demais classes, e excluindo-as do saber a ser desejado, aprovado e legitimado. Com isso, na prática, o aluno com êxito e o aluno frustrado, por causa da violência simbólica não percebida, atribuem a si mesmos o sucesso e o fracasso escolar, não conseguindo identificar as verdadeiras relações que permeiam os sistemas de ensino.
No entanto, Bourdieu acredita que a transformação social é possível enquanto for uma ação coletiva reflexiva e conhecedora rigorosa das estruturas que sistematizam o campo escolar. Esta ação transformadora tende a ser uma árdua luta a ser travada contra os agentes conservadores que se utilizarão possivelmente de todo o seu capital simbólico para manter a ordem que os favorece.