MUDANDO E MARCANDO

“O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos”

Airton Luiz Mendonça, em um de seus artigos no Estadão, afirma que é muito importante mudar, fazer algo diferente e que marque, fazer um ritual, uma festa ou registro com fotos, tornando assim momentos usuais em momentos especiais.

Agindo assim, continua ele, o tempo vai parecer mais longo, e, se tiver sorte de estar casado (a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro de vida será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais vivo do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

E foi assim que fizemos, minha esposa e eu, num sábado nublado de outubro, em plena Praça XV de Novembro: fotografamos por mais de duas horas a apresentação de um grupo de capoeiristas de Ribeirão Preto — o Grupo Cativeiro — e região.

As imagens capturadas — mais de 450 — por fotógrafos do Grupo Amigos da Fotografia, permitiram-nos prolongar nossa satisfação diante da multiplicidade de movimentos ágeis,ricos em componentes acrobáticos, feitos com freqüência junto ao chão, de cabeça para baixo, e, por vezes, complicados para o leigo.

Desenvolvido por escravos africanos trazidos ao Brasil, juntamente com seus descendentes, a capoeira , dentre outras expressões culturais — luta, dança, música — cuja existência em nosso país devemos ao negros, foi escolhida para homenageá-los em novembro: Dia da Consciência Negra – 20 de novembro.

O resultado de uma série de fotos, registrando atividades da cultura negra em nossa cidade, e que serão capturadas até o final do ano, resultarão em exposição na Casa da Cultura, em janeiro de 2008, como evento paralelo ao 2º. Salão Nacional de Fotografia de Ribeirão Preto.

Terminada a sessão de fotos, perdura em nossas mentes, nos dias seguintes, o jogo de lúna, os “balões cinturados” , os dorsos suados e brilhosos, os saltos, as piruetas, as firulas, as paradas-de-mão, ao som característico dos berimbaus, da batida do atabaque, do ritmo do pandeiro, das palmas e do canto ritmado: um sonho sem fim.

O desenvolvimento de propostas de trabalho como essa, da fotógrafa Elza Rossato, enriquecem as páginas de nosso livro de vida e permite a cada um dos participantes desse desafio, a satisfação de estar fazendo, não somente a sua história, mas marcando presença na história maior de sua cidade.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

ancartor@yahoo.com

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 15/11/2007
Código do texto: T738075