O que incomoda não é bem aceito
É muito mais fácil, mais cômodo ficar alheio vivência e a prática do Evangelho, negar o fato de que a sociedade brasileira tem assistido aos mais agressivos problemas na área da saúde, da economia, da política, da educação, do meio ambiente e tantos outros… O egoísmo não nos permite ver o outro, pois para se fazer algo de concreto teremos que nos desvestir: de estruturas, de ideologias, de crenças, de radicalismos e de nós mesmos.
Ironicamente, a Campanha da Fraternidade deste ano é a solução do problema para tanta desunião: Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Para a sociedade brasileira atual, que vive o caos, o despropósito, o sofrimento, somado a muitas mortes e misérias não há nada mais assertivo.
A Igreja nos chama a atenção, através da proposta, para a percepção dos grandes problemas que atingem, sobretudo, as minorias e os pobres, os quais nem sempre têm a quem recorrer devido às situações injustas.
E é justamente isso que incomoda aos que vivem uma religião descontextualizada da realidade. Afinal, um povo que questiona a fome, a miséria, a violência, pode despertar para o pensar e o agir comunitário. É isso que ultraja: a massa inerte e passiva é manipulável, já um povo que questiona incomoda. É fácil chamar de socialista, marxista, comunista, esquerdista, quem assim o pensa e gera descompasso com a verdadeira a Igreja cristã.
Não podemos confundir propostas de fraternidade com contextos políticos! Estamos em 2021! E apesar de serem realidades que fazem fronteiras, vivemos uma incrível eclesiologia de construção e de partilha. Aliás, é importante separarmos bem as coisas: a fraternidade proposta pela Campanha da Fraternidade é a do Evangelho, a partir das palavras de Cristo, e não a da mesquinhes, do egoísmo ou de revolucionários medievais que conclamam às Cruzadas via internet.