Fetichismo de mercadoria?

Qual é o real valor das coisas que adquirimos, ganhamos ou fazemos? Em uma leitura de um artigo falando sobre o tema “fetichismo de mercado” de Karl Marx, é interessante quando se conceitua o termo fetiche como objeto inanimado ou animado, feito pelo homem ou pela natureza, ao qual se dá fenômeno de atribuir valor simbólico aos objetos, não como é visto atualmente como um termo erotizado, que se encontra na área de psicopatologia. O famoso sociólogo observou em meio aos seus estudos sobre a modernidade e o trabalho no mundo.

Ainda assim, é um assunto embaraçoso de abordar, pois existem muitas vertentes sobre o mesmo tema. O que me instiga, é mensurarmos as coisas pelo valor ou pelo meio, e não pelo seu conteúdo que de fato possui. O fetichismo é considerado um fenômeno objetivo, o fato das coisas não se mostrarem realmente como são. Apego pelas coisas materiais e até mesmo imateriais está indo além do seu uso, mas pelo valor que isso tem em nossa sociedade, acredito que a internet, mas principalmente o sistema capitalista em que estamos inseridos, impulsionaram esse comportamento.

Veículos, viagens, imóveis, vestuário e até mesmo a alimentação, na modernidade estão deixando de ser apenas um produto, mas estão se tornando objetos de adoração, perdendo sua utilidade real e passando a ter um valor simbólico, trazendo status ou “poder”. Marx falou pouco desse assunto, mas foi preciso em sua obra "O Capital", de 1867, e hoje temos muitas linhas de pensamento sobre o respectivo assunto, e eu volto a dizer que a questão do culto aos objetos me chamou muita atenção. Foi onde eu pensei em uma coisa que fazemos diariamente, como por exemplo, ir a algum lugar legal para comer e postar em nossas redes sociais, e acredito que não é errado querer comer bem ou publicar, mas o ponto é simplesmente ir algum lugar apenas para mostrar que esteve lá pelo desejo de exibir, assim também em lugares como pontos turísticos.

Impossível não falar da questão das tendências de vestuário, as roupas que estão na moda, o que está sendo vestido por pessoas que tem influência na nossa era, o chamado “outfit”. Vestimos, compramos ou queremos ter determinada peça de roupa ou sapato por qual motivo?

Um exemplo também importante, quando uma pessoa diz que quer escrever um livro, o real motivo de querer escrever um livro é por apenas ser autor de um livro, ou querer transmitir alguma coisa através da escrita?

No décimo primeiro capítulo do Livro “Viver em paz para morrer em paz” do Cortella, que fala sobre a sociedade da exposição tem um trecho que eu acho interessantíssimo que diz:

(Hoje, a modernidade transformou ruído numa forma de expressão, a tal ponto que a nossa expressão de vida tem de ser ruidosa. Para serem notadas, para ganharem existência as pessoas vivem em função de apelos como o "eis-me aqui", "olhem para mim". É aquilo que Guimarães Rosa chamou de "viver em voz alta".)

Expressa verdadeiramente o que vivemos atualmente, acredito que isso não seja um comportamento exclusivo do século 21, mas isso tem aumentado e se tornado mais visível devido à internet. E o que eu levo dessa leitura sobre assunto em questão, é como eu quero viver daqui pra frente, o que realmente é importante na vida e porque eu quero fazer as coisas e quais são as finalidades dos meus sonhos, nesse texto eu quis trazer esse questionamento, é um assunto mega importante e eu acredito que vale a pena que seja abordado com mais profundidade.