TEU COLO, PAI
Pai eterno, ontem eu estava me sentindo tão sozinha.
Estava triste, cabisbaixa.
Achando a vida feia.
Uma imensidão de areia.
Estava achando que o colorido tinha sumido da terra.
Me imaginava numa guerra.
Numa guerra comigo.
Pensava.
Parece castigo.
Ia assim tão desanimada andando por uma calçada.
Foi quando deparei com uma senhora bem velhinha.
Na mão ela tinha uma enxada.
Estava no interior de um terreno cercado por grades.
Eu a olhei.
Ela me olhou.
Nada falou.
Mas profundamente me encarou.
Fiquei parara.
A olhá-la.
E de repente ela desapareceu.
Foi um encanto que se deu?
Com seu olhar gravado na retina me pus a andar.
Segui.
Era um olhar tão terno o dela.
Tão afetuoso.
Comecei a achar tudo gostoso.
A brisa no meu rosto.
Acabou meu desgosto.