A FEIRA DO LIVRO CAIXA
“ O homem é o único animal que pode permanecer, em termos amigáveis, ao lado das vítimas que pretende engolir, antes de engoli-las”
Samuel Butler
Agora que a 7ª. Feira Nacional do Livro encerra suas atividades, posso dizer aos meus amigos e conhecidos porque não participei dela após minha renúncia no dia 6 de junho de 2007.
Senti, nos primeiros momentos da organização da Feira, que nela não haveria muito espaço para poetas e sonhadores: o assunto era patrocinadores e dinheiro.
E a manchete recente do jornal A Cidade confirmou isso, denominando-a Feira do Lucro: que injusta e infelizmente será lembrada por muitos como a Feira da Surfistinha.
Nada tenho contra festas e lucros, mas é bem marcante a sensação da maioria dos escritores de Ribeirão Preto de que não tivemos entre nós grandes e esperados nomes da Literatura.
Por outro lado, algumas pessoas que compuseram o grupo de assessoria da presidente da Feira, nunca fizeram parte das lutas travadas por muitos, dos hoje ausentes, nas Feiras anteriores, e simplesmente tornaram impossível minha convivência com elas.
Em uma entrevista para a revista Época, o professor Robert Sutton, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, fala sobre seu livro “Chega de babaquice ! “ e define babaca como “ aquela pessoa que grita, humilha os subordinados, diz que o que o funcionário faz sempre é ruim ou está errado. Geralmente, faz isso na frente dos outros. Outra atitude comum nos babacas é ignorar a presença dos subordinados. Passa por eles e não os cumprimenta. Simplesmente finge que eles não existem. É aquela pessoa que humilha os outros com freqüência. Faz com que as pessoas se sintam oprimidas e sem energia. São intimidadores e, às vezes, não precisam usar as palavras para intimidar. Fazem isso apenas com olhares e atitudes. Eles costumam ocupar cargos de chefia e exercitam a crueldade com subordinados. É muito difícil encontrar um babaca que não tenha poder”.
E completa : “por eles serem estúpidos com as outras pessoas, passam a imagem de que têm autoridade, competência. Quando as melhores pessoas encontram babacas na chefia, mudam de emprego. Nas empresas, as pessoas costumam imitar o comportamento do líder. Se o líder da empresa é um babaca e, ao mesmo tempo, é um modelo, uma referência de sucesso, as pessoas vão começar a agir como ele”.
Eu me recuso a conviver com esse tipo de pessoas.
Na minha vida, já encontrei babacas terríveis em duas ocasiões, e, em ambas, os babacas era subalternos que se achavam chefes devido à proximidade que tinham do verdadeiro chefe.
E então esses babacas extrapolam.
São os famosos filhos (as) , esposas, maridos, irmãos, irmãs, parentes, agregados, amigos íntimos de pessoas que a mídia faz famosas, que têm muito dinheiro, ou que ocupam cargos de relevo na administração pública. São eles que blindam o chefe com múltiplos e incansáveis elogios, não permitindo o acesso a qualquer um que possa, por comparação, deixar evidente a sua incompetência.
O clima no convívio com babacas tira toda a nossa energia e motivação. Os funcionários que deles dependem e/ou colaboradores ficam doentes, estressados e deprimidos. Esses babacas de segundo escalão parecem ser aureolados por uma nuvem densa e negra, e trazem, a cada contato, por menor que seja a lembrança de Brutus, Judas, Calabar e outros tantos que só esperam o momento adequado para agirem como escorpiões, ou seja, picando, como é de sua natureza.
No primeiro caso em que me desvencilhei de babacas, foi quando bati de frente com uma freira tresloucada que se tornou chefe, e perdi o emprego.
No segundo caso, mais recente, preferi deixar a vice-presidência de uma Fundação que renasceu quase das cinzas, nas mãos de Isabel Farias.
Vida longa à Fundação Feira do Livro.
ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO
FUNDADOR ,
EX-VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO,
EX-CONSELHEIRO DA FUNDAÇÃO FEIRA DO LIVRO