Reflexões sobre o "Poder da Arte"
Reflexões sobre o Poder da Arte
É tarefa muito difícil refletir o poder da arte, sendo ela portadora de inúmeras definições e conceitos históricos. O poder de que arte? Arte clássica? Arte romântica? Arte-representação? Arte-expressão? Daí pensar o poder da arte para que público específico e de qual período histórico. Que século? Que ano? É preciso fazer recortes e delimitar.
Quero, pois, refletir o poder da arte que rompeu com o clássico e o romântico. Pensar a arte da vida, do povo. A arte que não representa e imita, mas que cria a partir do invisível, não visto. Pensar a arte que vibra, que cria e gera sensações. Vou a Deleuze e Guattari, filósofos da diferença, na perspectiva de refletir o poder dessa arte acima referida a partir da intersecção com a Filosofia.
Deleuze e Guattari rompem com a arte da "mímese", a pura imitação, compreendendo que o poder da arte está na necessidade de criação. Assim como a Filosofia, para Deleuze, cria conceitos, a arte cria sensações. Pela criação dos conceitos os filósofos emitem suas mensagens, descobertas, pesquisas, reflexões. Pela criação das sensações a arte visibiliza suas reflexões, pesquisas, descobertas, mensagens, vibrações, nuances, (des)encontros.
Aí está o poder dessa arte moderna: na criação. É preciso entender o processo de criar como necessário. É criando que se descobre o mundo externo Eno mundo interno dentro de nós. Se descobre e se reflete a partir da ideia do Cosmos, como muito reflete Deleuze. É criando que acontece o desenvolvimento político-social-econômico-científico-cultural-humano.
Aí está o poder dessa arte dita contemporânea: na criação. Na criação do povo e para o povo, pois que não falte povo! Na criação que transforma vidas, pois que essa arte que cria sensações gera afetos e afetabilidades, provoca, inquieta, transforma.
Vou também a Celso Favaretto, que faz crítica ao conceito de arte ligado ao romantismo que considera arte àquela obra-prima, exposta em museus e galerias, que apela e faz de sua essência a beleza, a harmonia, a perfeição e a unicidade. Favaretto então salienta o poder da arte contemporânea como possibilidade de experimentação. Com a arte moderna, essa arte-povo, se inaugura a arte como possíveis, como experimentação dos possíveis. É arte!
A definição de arte não fica acabada na beleza e harmonia estética, haja vista ser a arte conceituada historicamente e socialmente de forma inacabada permanentemente entre possíveis de experimentação. É ruptura, é arte!
Quanto poder há na arte que convida a criação e a possíveis de experimentação: é descoberta constante, é impermanente mudança, devires, é arte. A arte transforma pessoas!