SIM+NÃO= SEGURANÇA
Passado o inútil referendo, em que frentes do “sim” e do “não” buscaram, cada uma à sua maneira, fazer com que a sociedade seja mais segura, chegou a hora de todos nós somarmos esforços para obrigarmos governo e congresso a tomarem medidas e formularem leis para criação de uma política de segurança que satisfaça a toda a nação.
Agora, que o governo e congresso receberam uma resposta dura e objetiva do povo brasileiro a uma consulta hipócrita e inútil, temos que unir esforços para que os milhões gastos nesse momento possam alavancar propostas que façam da segurança pública objetivo principal da agenda nacional.
Sabendo que nada está sendo feito para desarmar bandidos, que os criminosos não compram armas em loja, que temos o direito à legítima defesa, que armas foram feitas para matar, que ter armas em casa aumenta o risco de acidentes, que arma em casa não garante chance de defesa, e que não é com discursos piegas e utópicos que vamos resolver nossos problemas reais , que tal ambos os grupos continuarem agitando a população para unidos, sairmos às ruas exigindo uma ação mais efetiva dos governos federal, estadual e municipal no quesito segurança ?
Devo confessar que me envolvi na campanha pelo “não” ,e conhecedor dos rígidos princípios morais e religiosos que regem a vida do meu amigo e irmão, o Juiiz Federal e acadêmico da Academia Ribeirãopretana de Letras, Dr. Augusto Martinez Perez, fiquei mais leve ao dar meu voto após ter lido seu artigo “Se queres paz...diga não !”, publicado na revista Evidência de outubro.
Eu votei no “não” com os pés na realidade que vivo , mas louco de vontade de acreditar na possibilidade de um mundo virtual perfeito, paradisíaco, prometido pelo pessoal do “sim”, e que só dependeria do aperto de duas teclas : dois e confirma.
Tive que ouvir absurdos, perguntas cujas respostas seriam óbvias caso vivêssemos num pais sério, tais como : você não acha que está votando contra a vida, você não sabe que arma é para matar ? E eu, vivendo num país em que o governo não cuida de minha segurança — assim como não cuida da de outros milhões de brasileiros que não têm arma, nada ganham com seu comércio e nunca terão uma delas em casa — tive que ir contra os meus princípios, obrigatoriamente, e em defesa do direito de poder defender a qualquer preço minha família, pasmem, votei em favor da indústria de armamentos.
Não perdoarei nunca esse governo que não me deu outra opção senão a de corromper meus valores mais profundos de defesa da vida, de oposição a qualquer tipo de violência, de defesa da paz.
A grande maioria da população votou “não” contra a Globo, contra Lula e os escândalos do PT, contra um Congresso que só cria referendos quando lhes interessa, contra os traficantes da Rocinha, contra a falta de segurança, contra a retirada constante de nossos direitos: à educação , à saúde , à moradia, à uma vida descente.
De tudo resta a esperança de que se cumpram rigidamente os 36 artigos restantes da Lei do Desarmamento, já aprovada e sancionada, que nossas fronteiras sejam mais protegidas, e que os marginais sejam desarmados.
Espero que “sim” e “não” se utilizem da mesma garra e energia — de que se utilizaram durante esse últimos dias em defesa de seus pontos de vista — no sentido de contarmos, num futuro bem próximo, com uma política de segurança conseqüente e exeqüível.