Genealogia das ofensas sexuais: putas, viados e cornos

Forma pejorativa de se referir aos homosssexuais, "viado" traz os preconceitos relativo ao grupo, chamar um homem heterossexual de viado é ofensivo, mas chamar assim um homossexual seria uma "grosseria" - uma verdade que não precisa ser dita assim tão crua...

Temos também as brincadeiras masculinas, em que viado surge como frescura, babaquice ou delicadeza com alguma coisa ou pessoa: vai ficar de viadagem até quando?/Vamos lá viado!/ Oh seu viadinho!

A ofensa masculina se relaciona a duvidar e questionar se o sujeito é homem o bastante pra isto ou aquilo. Tem a ver com merecimento ou dignidade para atribuições "masculinas".

A ofensa feminina recai sobre sua sexualidade, nem tanto sua orientação ( compare viado com sapatão quanto ao grau ofensivo), mas sobre a sua vida sexual. Piranha, puta, vagabunda, biscate, rameira... se referem a mulher ter uma vida sexual mais livre.

A lésbica é a mulher que aceitou ser sozinha no mundo, sem o auxilio de um homem, não se entrega a nenhum. Mantem seu valor de reserva por tempo indeterminado. Diferente da vagabunda, que menospreza a reserva e o status que os homens possam ou não oferecer: ela foca em outro tipo de prazer e satisfação, eis o seu pecado!

Por que isto é ofensivo? A mulher se espera a reserva do seu corpo para uma troca especial: o marido. O homem visto como a face social, o status que empresta a mulher, que sozinha teria mais dificuldade no reconhecimento.

A reserva do corpo para aquisição de status, para associação necessária a uma melhor sobrevivência social. O homem por outro lado não adquire o status assim (imagine um um homem pobre casado com uma mulher rica e vice versa), mas faz reconhecer seu poder pela aquisição de uma bela mulher (maior reserva, maior status para adquirir).

A puta é aquela que não liga pra este comércio sexual de monopolio a longo prazo. Não se interessa pela posição social ou pelo compromisso firmado a longo prazo e fidelização.

O corno é o que permite o contrato ser quebrado e finge ter a fidelização. Ostenta uma marca distintiva, a mulher reservada, que não se reserva a ele: não é o bastante pra ela. Por isto chamar um homem de corno é tão ofensivo, pois mexe com sua capacidade como homem, de exercer este papel e de exercer menos que outros.

O corneado acaba revidando acusando a mulher de vagabunda ou puta, não aceita ter sua capacidade comparada e menosprezada por um outro. Isto quando nao termina em violência.

O corno mesmo é o que aceita. Visto como algo humilhante, que se justifica por ser obcecado pela mulher,algo que racionalmente não aceitaria.

Sem pretender concluir, todo este jogo é compreendido pelo valor que o status, prestígio, reputação e honra possuem em uma sociedade em que ser heterossexual e homem não implica no mesmo valor que mulher e heterossexual, homem e homossexual e etc.

Espero que a forma direta como eu me expressei não se confunda com a expressão preconceituosa e ofensiva que pretendi na verdade criticar.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 12/04/2019
Reeditado em 12/04/2019
Código do texto: T6622175
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