SER HUMANO, UM SER MISTERIOSO PARA SI MESMO

Marx disse que a essência do ser humano é o seu econômico, Freud, o instintivo, Kierkegaard, a angústia, Bloch a utopia, Ricoeur, a afabilidade, Heidegger, a existência, Gadamer, a hermenêutica, Marcel, esse coitado, todos os problemas, Gehlen, a cultura, Luckmann, a religiosidade. E tantos outros que também defenderam idéias sobre o que achavam ser a essência humana.

Diante de tantas reflexões, percebemos que uma dos grandes problemas humanos são as três clássicas perguntas: Quem somos, De onde viemos e para onde vamos? Em todas as épocas e culturas esteve latentes esta angústia com respostas das mais diversas. E passados os anos, séculos e milênios, ela continua intrigando milhares de cabeças pensantes.

No campo da ciência, podemos constatar que a complexidade toma lugar da simplicidade. Um ser físico, orgânico e com inteligência. Uma realidade diferente do resto que lhe cerca. Esse ser mental tem consciência, e essa por sua vez, é a raiz do pensamento e da linguagem, do comportamento e da liberdade. Essa ideia nos leva a observar que o ser humano é rodeado pelo pensamento que desemboca numa série de conceitos e proposições que procuram se ajustar às suas exigências.

Diante do crescimento da população, diante da análise do mundo intelectivo criado pelo homem, surgem várias características. E podemos perpetrar várias questões: como é o mundo cultural que criamos? Que perfil a história da humanidade tomou ao longo dos anos? Como tem sido a mudança do pensamento humano? E o que parece é que caminhamos para uma realidade autônoma e independente, ou seja, cada pessoa está ganhando um jeito próprio de ser e de agir, sem levar em conta algumas normas que também foram elaboradas na história e que estão sendo descartadas. E isso faz aparecer muitos métodos filosóficos, teológicos, psicológicos, religioso, etc. Alguns bons e outros péssimos. Aqui falamos de tantas religiões que surgem ano-a-ano, da ciência genética, dos transgênicos, da informática e tantos outros conhecimentos que a mente humana desenvolveu.

E é procedente lembrar que a única base na qual se pode solidamente fundar, e edificar uma ética racional, uma filosofia coerente de vida, é partindo de um conceito adequado e de natureza humana.

E há mais de dois mil anos atrás, já se fazia a pergunta sobre a alma e o corpo, como eles interagem, hoje, passados tanto tempo, ainda continuamos a fazer as mesma pergunta. Isso mostra que esse ser humano é dotado de uma espiritualidade e um mistério para si mesmo. E essa questão nos leva a vários problemas a serem desvendados. Existe em nossa época uma recusa da espiritualidade tradicional passada de gerações para gerações. É o nosso próximo tema.

É isso aí!

Acácio Nunes