SUSTENTANDO UM CANDEEIRO
Quem, no campo das ideias; revestido de respeitável toga de Filosofia e investido do poder da percepção aliada ao raciocínio; se esquiva de expressar o que lhe emerge à superfície do consciente, apenas engorda os anais onde o martelo do tempo, sentencia a humanidade a permanecer submersa no imenso mar da ignorância; sem esperança de compreender que além do que lhe é humanamente tangível e compilado sob o título generalizado de ciência humana há no campo do invisível um espaço a ser percorrido, infinitamente mais amplo e mais profundo.
Sob condição de abandono dos que trazem na alma a intrínseca missão de serem portadores de candeeiros de luz; a humanidade perpetua-se na fatalidade da infeliz condição do naufrago que se debate e se agarra a qualquer destroço de navio de frágeis convicções que não a leva a lugar algum; e enquanto mais se debate, mais se apressa no afogamento do conhecimento de si mesmo.
O naufrago, é a representação simbólica de um ser ou da humanidade que em seu mais recôndito âmago, detém no convés do porão do inconsciente, o baú do esquecimento de si mesmo e, em seu interior, o mapa da mina que revela o segredo que o levaria ao mais próximo do tesouro da verdade absoluta.
O ser humano é portador do segredo, enquanto, alusivamente, condutor de navios e portador do conhecimento sobre qualquer tipo de técnica de salvação que o leve à claridade, e ao porto seguro de suas praias internas; sob quaisquer prismas do qual se possa observar; no entanto, equivocadamente, ele se veste de pirata e se reveste de perplexo cinismo enquanto saca de si mesmo a oportunidade de conhecer o mapa de uma verdade maior, numa verdadeira ação de sacanagem que se repete em contínua e indefinível reação de auto sabotagem.
Furtar-se à empírica missão do portador de candeeiro e relegar à indiferença, a condição especial dos que carregam no dorso mental, as interrogações da humanidade, conduzindo-a aos portais de suas respostas é limitar-se à condição de testemunho e ao mesmo tempo, ser prova de um niilismo reativo; onde o incrédulo mata seus deuses, ídolos, adoradores, e se mata, indiscriminadamente.
Isentar-se de tal responsabilidade é ser parte do peso da âncora que forja a humanidade ao mergulho profundo e estagnado na escuridão do inconsciente coletivo e retarda lhe o empírico navio ao porto seguro do seu progresso evolutivo espiritual; ao mesmo tempo em que se afogam seus tripulantes no imenso e obscuro lamaçal da ignorância e desconhecimento milenar de suas origens.
- Sirley Alves -