A CONSCIÊNCIA

Sempre eu me ponho a meditar, filosofando, creio que a consciência é a presença de Deus em nós. Tal como se fora a campainha da Globo, plim,. plim, quando estamos na eminência de algo que julgamos errado, ela acusa.

Às vezes praticamos algo inconscientemente, por falta de conhecimento ou ociosidade, ou ainda por quaisquer razões, até por falta de responsabilidade, e depois, vendo os resultados temos o chamado “peso de consciência.”

Lembro-me, quando garoto, trabalhando numa cervejaria como ofice-boy, levei uma ordem de serviço para que operários mecânicos entrassem, fora do expediente, para reparos nas máquinas da cervejaria. Quando os operários chegaram o guarda-vigia não permitiu a entrada deles (em número de cinco), alegando não haver ordem para tanto. Resultado: as máquinas não produziram e o prejuízo foi grande. Foram apurar as causas e se descobriu, através da faxineira, que a ordem de serviço estava debaixo de um armário, levado pelo vento. Sem muita conjectura, se fui ou não o culpado, fui chamado à ordem e com apenas quinze anos de idade responsabilizado pelo ocorrido e me foi informado, que se tivesse que pagar pelo ocorrido levaria toda a vida sem conseguir fazê-lo.

Aquilo me marcou sobremaneira e foi também o responsável por um acidente do trabalho que me custou uma fratura exposta do fêmur e encurtamento em dez centímetros da perna direita, pois foi exatamente entregando (dias depois) mesma ordem que um caminhão de Limeira, mal orientado, teve a traseira abalroada e a frente jogada sobre mim, cujo pára-choque introduziu-se no portão junto com minha coxa.

Agora vemos um problema interessante ligado à consciência. Teria porventura o controlador de vôos dormido, no dia em que duas aeronaves se chocaram, embora fosse o encontro apenas de uma asa do jatinho, causado a morte de 154 pessoas? Seria por causa dessa grande responsabilidade que tem os controladores de vôo que estamos atravessando esse problema de demora nos aeroportos, por falta desses profissionais? “O Ministro da Defesa, convocou uma reunião com alguns controladores de vôo para ouvir deles qual seriam as sugestões para melhorar as condições de trabalho da categoria.” Ficou surpreso de que nada foi reclamado.

Vê-se então a grande preocupação que tais profissionais tem de assumir a grande responsabilidade de conduzir o tráfego aéreo, cada vez mais intenso, temerosos de que casos semelhantes ao do colega talvez sonolento ou descuidado, tenha provocado.

E, se realmente a consciência seja a presença de Deus em nós, alertando-nos dos erros cometidos ou tendência a cometê-los, então nos apiedamos e oramos ´por aquele controlador de vôo, ou aqueles, que descuidando da sublime missão de zelar pelo espaço aéreo permitiram acidente de maior monta na história da aviação brasileira, agora no centenário do 14 Bis. E que aquele ou aqueles, que consciente ou inconscientemente permitiram o acidente, Deus se apiede da consciência deles para que possam dormir em paz.

Ribeirão Preto, 27/08/2007 – Antonio Luiz Cabral- alacalado@hjotmail.com