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Biblioteconomia: " eu nunca tinha ouvido falar". Essa foi a indagação utilizada pela moça que digitava o meu currículo em uma lan house agora em 2007. Perguntei a ela se já tinha ouvido falar em bibliotecário, ela respondeu que sim, então perguntei a sua escolaridade, cursava o 3° ano do segundo grau, procurei saber se existia biblioteca na sua escola, ela afirmou que tinha e foi mais além dizendo que tinha uma velhinha estressada que trabalhava na biblioteca e os alunos viviam comendo seu juízo.

Na novela das sete da Rede Globo, Sete Pecados, tem uma bibliotecária que representa um desequilíbrio para a biblioteca, porque quem realmente cuida do acervo é a diretora da escola e um aluno voluntário que se interessa por livros.

Há muito tempo a mídia satiriza a profissão de bibliotecário e o tempo vai passando. Em 2011 a biblioteconomia vai fazer 100 anos aqui no Brasil, com certeza nossos órgãos de classe vão comemorar esse centenário. E bem merecidas as comemorações, afinal, muito foi feito pela profissão no que diz respeito ao exercício e a sua regulamentação perante as leis trabalhistas. Tivemos e temos grandes vultos da biblioteconomia no cenário mundial, não citarei nomes para não instigar a vaidade, contudo tem gente que faz e acontece nas Academias, nas Unidades de Informação e Escritórios sem fronteiras. No entanto, ainda passamos despercebidos na sociedade comum. Talvez vocês estejam achando que sou pessimista, derrotista, repetitivo em minhas indagações, mas não tenho como não contestar. Até nossa cédula de identidade profissional que é valida em qualquer território nacional, de acordo com a lei n. 6.2006/75, muitas vezes é recusada em certos ambientes quando utilizamos para nos identificar, e temos que explicar a sua validade e que biblioteconomia é um curso superior.

São hilárias certas situações que passamos. Portanto, quero deixar claro que gosto da profissão e procuro sempre valorizá-la. Não posso ficar só olhando par o meu contra cheque no final do mês.

Recentemente li um livro muito pertinente sobre os novos paradigmas da biblioteconomia com o título “O profissional da informação em tempo de mudanças”. Num dos seus capítulos, intitulado Biblioteconomia em reflexão: cenários, praticas e perspectivas, o autor questionava a possibilidade do nome biblioteconomia passasse para Ciência da Informação como estratégia para melhor ser digerido pela sociedade, oferecendo uma visão além do universo biblioteca. Sabemos que há controvérsia, é uma questão polêmica, apesar de alguns cursos de biblioteconomia em certas regiões ter adotado o nome de Ciência da Informação, Gestão da Informação, Administração da Informação, porém não causou efeito de reconhecimento para a população no geral, como diz Souto, “É importante que a mudança seja generalizada e não regionalizada'“, e que essa nova terminologia adotada seja implantada em todas as trinta e nove escolas que temos no país.

Enquanto isso não acontece, deixo meu manifesto, desejando que, nesse século, a palavra biblioteconomia se torne tão conhecida como a palavra chiclete.

Marcos Soares Mariá
Enviado por Marcos Soares Mariá em 19/08/2007
Código do texto: T614227