AS BARREIRAS DO TEMPO

Podem dizer que é utopia. Que isto não existe. Não me importo que o digam.

Eu acredito. Acredito em portas que se abrem misteriosamente e trazem para o nosso cotidiano o passado que ficou tão distante.

Era uma manhã qualquer; nem era manhã ainda; era madrugada. Aurora pra ser mais exata.

Levantei-me como os sonâmbulos o fazem e nem o sabem que estão fazendo.

Olhei num espelho e vi uma imagem lá dentro.

Alguém que já tinha estado comigo num outro tempo.

Fantasia?

O que pode ser maior que o sonho?

O acreditar nele, talvez.

Pois bem. Passei algum tempo diante da imagem e ela falou comigo. Sem palavras audíveis, mas plausíveis.

Foi pura telepatia aquilo, mas existiu. Eu garanto que sim. Investi cem por cento do meu querer naquele acontecimento.

E não era coisa de momento.

Não era passatempo, entretenimento.

Nada disso. Era algo verdadeiro. Era algo que serviria pra me reformar por inteiro.

Nós dois sabíamos que estávamos vivendo uma magia maluca. Algo antigo; enterrado; morto; passado. Era como se fosse um destes feitiços que não entendemos como se começa e como se acaba.

Se é que se acaba algum dia...

Vencemos a barreira do tempo; do imaginário. Daquilo que se afirma cientificamente que não existe.

Mas que existe sim e mesmo que não se explique tem toda a razão para existir.

Conseguimos trazer de volta o éter de outros tempos. Concretizamos o abstrato.

E hoje eu lhe digo. Que aurora aquela! Que aurora!

Não há cortinas, não há véus... que consigam ocultar outros céus.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 15/08/2007
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T608407
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