DIREITO A DISTÂNCIA

Deve ter sido a pioneira na década de 50, instituído pela ITE-Bauru, possibilitando que milhares se graduassem e exercessem caros de juízes, promotores, delegados e advogados. Um deles ficou famoso: Dr. Damásio, promotor, professor, autor de várias obras de Direito Penal ; montou cursinhos preparatórios para concursos e uma famosa Faculdade com sede própria lá na Liberdade, capital.

O vestibular não era nada fácil. Redação, Literatura, Latim. Escrito e Oral. Eram 200 vagas para cada período: diurno e noturno. Éramos obrigados a frequentar duas semanas por semestre, no mínimo. No fim de cada semana, uma prova. Se você tirasse nota igual ou superior a sete, estava dispensado do exame final. Que era escrita e oral.

No final dos cinco anos, daqueles 200 restavam somente a metade. O curso era dispendioso. Além da mensalidade, havia a despesas de hospedagem para os que morassem distante. Ficávamos numa pensão modesta, com três colegas num mesmo quarto. Mas havia os da elite. Esses hospedavam nos melhores hotéis e se dirigiam à faculdade de carro próprio. Nós, de coletivo.

Uma brincadeira que os gaiatos gostavam de fazer era comprar diversas calcinhas femininas e colocarem nas malas dos colegas casados, na surdina. Quando voltavam para casa, geralmente era a mulher que desarrumava a mala e era aquele escândalo..

Ressabiados, antes de fecharem as malas, fazíamos revista minuciosa para evitar surpresas.

Também combinávamos assinar a lista de presença apenas com o primeiro nome em letras de forma. Caso um precisasse faltar, outro assinaria. Mas para isso, era preciso subornar o bedel –funcionário encarregado de fiscalizar a assinatura da lista -. Geralmente, pacote de cigarros. Como se vê, corromper aprende-se até na faculdade.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 07/05/2017
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