MÃE DE UM VICIADO
Nada é mais difícil, que discorrer sobre o padecimento de uma mãe que tenha um filho viciado em drogas. Não há palavras que possa retratar com fidelidade tal sofrimento...
Todos dizem: A família é fundamental para resgatar e tratar o dependente químico. É verdade. Entretanto, pensar que tudo se resolverá a partir de uma internação ou após algumas consultas médicas, as vezes, tornam-se em armadilha nas tentativa de tratamento.
A dependência se estrutura aos poucos na vida da pessoa; o dependente muitas vezes não tem a noção completa da gravidade do seu estado e de todo o mau que ele provoca ao coração da sua mãe. No entanto, é preciso entender que se trata de uma doença. Uma doença grave, complexa e de difícil tratamento.
A mãe fica sem saber qual a sua função... As drogas provocam mudanças terríveis na vida familiar. Mãe culpa o dependente ou se culpa. Fica sem norte. Apontar culpa é exercer um julgamento. O veredicto de um julgamento é uma conclusão. Não há mais o que fazer !
O caminho novo a seguir é incerto e por isso sujeito a erros. Muitos erros surgirão no caminhar. Impossível não errar dentro de uma situação tão complexa como essa...
Um milhão de jovens brasileiros são dependentes das drogas. Digo "drogas" no plural, porque todos começam com a maconha e terminam por conhecerem os variados tipos de tóxicos que os tornam viciados universal de entorpecentes.
Como um tsunami silencioso, o crack tem avançado de forma arrasadora sobre as famílias brasileiras. Um filho viciado em crack desestabiliza toda a sua família e mata aos poucos a pobre mãe. Conheço bem isso!..
Os dependentes, pelo menos, têm o “barato” da droga. A mãe só tem o sofrimento e a desgraça de ver o seu filho, outrora equilibrado, perder completamente o senso de julgamento, da responsabilidade, e tornar-se agressivo.
Para comprar as malditas "pedras", é capaz de roubar o dinheiro dos pais e objetos da própria casa.
Quão dilacerado é o coração dessa mãe que de tanto chorar, o seu pranto secou. - Deus não devia permitir a que as mães sofressem tanto. Mãe não tem limite; é todo amor e compaixão. Sofrimento é uma punição devida aos criminosos, não às mães. Mãe, na sua graça, é eternidade. Mãe não deveria sofrer nunca. Mãe era pra ser eternamente agraciada!
Será que o sofrimento faz parte da vida das Mães desde Maria de Nazaré?!
O que será mais sofrido? Perder um filho para a dama da foice ou para as drogas? - Quanto tempo dura o luto pela morte de um filho? E quanto tempo o coração de uma mãe suporta padecer?
Muitas mães, depois de tudo fazer, bate a sensação de impotência e não consegue ir mais adiante. Chega a exaustão e joga a tolha.
Por não suportar mais a situação, chega ao extremo de pedir a intervenção Divina para epilogar o seu sofrer. Já que não foi possível recuperar, então que seu filho seja arrebato pelo dama da foice e volte pra Casa do Pai Eterno. Melhor perder seu filho para o Anjo da morte que para as drogas infernais. Prefere ver seu corpo preso no cemitério que atrás das grades de uma prisão, condenado por crimes de morte ou roubo, motivado pelas drogas. - Com a morte, o seu filho fica em paz e deixa a família em paz.
Nenhuma mãe diz isso claramente, mas em pensamento, no desespero, pede perdão a Deus e deseja que isso aconteça. Triste constatação!..
Mas existem, no entanto, mães diferentes. Mães fortes, temente a Deus e de muita fé. E pela fé, acreditam no milagre. Eu conheço uma: Maria, esposa de José, mãe de João. - Ela disse: Não vou perder meu filho para o mundo e para as drogas de satanás; quero meu filho de volta.
E o Senhor ouviu o seu clamor e atendeu a sua petição. Suas súplicas chegaram aos Céus em forma de oração e o seu filho foi resgatado para honra e glória do Santo Deus dos impossíveis.
Deus quis que fosse assim, e assim foi feito!. Deus fez o milagres e não mágica. Milagre exige trabalho; foi o presente da perseverança de Maria. Para experimentar o milagre, Maria estava disposta a esperar... Ela sabia que não existe milagre fácil; se fosse fácil não seria milagre. Esperar significa aguardar com confiança e paciência. Maria teve fé e esperou confiante no poder de Deus. Ter fé é deixar Deus agir. É deixar Deus fazer a obra. Tudo o que Ele faz é perfeito e no tempo certo.
E Ele, então, lembrou de Maria. Ele fez o resgate do seu filho João e o trouxe para o aprisco seguro. João hoje vive em paz !
Manoel Lobo.